Celulares, o tempo e as imagens | LiterArte

Passados alguns meses desde que eu estou sem meu celular
depois de tanto tempo preocupada em me conectar
o mundo dentro de uma fina capa retangular
não me alcança como costumava me alcançar
era uma necessidade de entranhar
que eu precisasse não apenas falar
e sim de imagens pra me comunicar
as fotos nos faziam tão próximos
os gifs tornaram tão mais fácil
mas via a mensagem calar 
ficava intratável
insociável

de fácil passou a difícil
o te alcançar nos vácuos
cada vez mais esparsos
e de um vício de contigo estar
só passou a ser um breve passar
de tempo, vibrar e depois carregar
a carga, o peso ou do próprio celular
a conversa morreu e o aparelho a acompanhar
e na transição você deixou morrer também a sensação, o palpitar
depois de algumas semanas nem a lembrança me atina a recomeçar

me fazendo taça transbordo
de tanto aplicativo instalado
e um sistema operacional falho
a máquina deu seu adeus e findou
mas não sinto falta
ela nadou até onde aguentou
de chorar ninguém se afoga
essa objeto só afundou
aprofundou minha mágoa de certo
pois não vejo mais tudo o que todos tem acesso
mas vejo mais claramente, e faço
produzo até quando tropeço
as vivencias me seguindo 
tento ir no compasso
navegando por um mar de fracasso
a loucura do falso
sensação de faltar um pedaço
absolutamente tudo isso
só porque sinto não ter meu submisso
e agora sempre inativo 
mas que me eram tão educativos
um pedaço de metal manipulativo
 e uns aplicativos



De qualquer forma, as coisas voltaram a ser o que eram
mas eu não me encaixo mais no moldes.
Você trata as pessoas tão bem quanto trata o seu celular?
Celular morreu - 9 de março -Depois de menos de três anos, você me deixou na mão. Quer dizer, deixou a minha mão. E eu quase não te soltei nesses dois anos e sete meses de convívio diário. Você me acordava, me fazia dormir. Sempre me disseram que a vida de um aparelho não dura como antigamente, mas eu achei que com você fosse ser diferente. Eu te cuidava tão bem, nenhuma Elsa eu deixei que te levassem. Te protegia nos lugares mais estranhos. Só uma queda grave, e olhe lá. Você sobreviveu ao carnaval 2015 E 2017. Mas então, morreu entre os meus dedos... Depois de uma ressuscitação drástica de ontem, eu pensei que vc estaria melhor. Mas não. Só pra ir embora levando as fotos mara que eu tirei hoje. Eu sei, a atualização do Whatsapp e o Instagram ao mesmo tempo foram demais para os seus 2gb apenas. Mas poxa, sentirei sua falta.


A imagem pode falar mais do que palavras, mas a imagem digitalizada ainda pode ser mil vezes mais acessível.

Edit¹: Eu fiz algo parecido em 2014 não foi?! Confissões Kdv

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