Férias, o que elas realmente significam?

Esse é o relato da minha insanidade quando eu percebi que eu não fiz nem metade das coisas que deveria, e postei cinco posts nesse blog e diminuí minha produtividade total na vida. OMG!

Esse texto foi postado no medium primeiro, então link: https://medium.com/@KadovDom


São apenas 4 semanas
As minhas foram quase 5 porque eu sou sortuda.
Vamos às verdades. Passamos uma semana, uma semana e meia para nos acostumarmos a acordar tarde, a planejar todas as coisas que queremos fazer. Nisso as marcações de consultas, tempo gasto no telefone, na internet procurando atividades do que fazer com todo esse tempo livre, etc.

Eu fiz essa organização aqui. 

A segunda semana vamos aos médicos que marcamos, às vezes compramos algo enquanto o dinheiro não se esvai (típico de fim de mês) mas tentamos/guardamos algum pra sair em algum momento, pois você jura que no próximo fim de semana vai surgir alguma festa, ou vai ter coragem de sair pra ir no cinema.

A terceira semana é aquela em que você se desespera porque todos parecem estar se divertindo, saindo para altos passeios, viajando, baladas e afins, e você em casa marinando.
Ao menos você tem tempo pra passar aquele fim de semana fazendo hidratação no cabelo, coisa que parecia impossível em época de aulas ou trabalho.

A quarta semana é aquela que você não sabe mais o que fazer e começa a gastar aquele dinheirinho que você guardou com qualquer coisa, porque as férias estão acabando, não fazemos quase nada do que planejamos fazer e qualquer ida a um restaurante (ou a hamburgueria do final da rua mesmo) já ajuda a manter a auto estima. Até aqui você já estressou alguém da sua casa, ou alguém da sua família te fez raiva, você vai sair até pra falar com aquele vizinho chato da casa ao lado só pra não ter que encarar as mesmas pessoas por mais um dia inteiro de puro tédio. E ainda vai passar nas redes sociais para reclamar que as férias já estão acabando mesmo que tenha passado todo o tempo querendo estar conversando com o pessoal da escola, curso ou do seu emprego.

Não sei se aconteceu isso com vocês, mas parece que foi basicamente o que aconteceu com muita gente pelas interwebs. Nunca vi tanta gente reclamando como eu vi nessas férias, Cristo do céu, baixa no celular dessas criaturas!


Contudo, vamos à real, estamos em momentos conturbados, ansiosos e extremamente desanimadores. Não só no Br e seu caos político, é algo mais complicado do que isso. É essa sensação de que estamos perdendo tempo, perdendo a juventude, perdendo as novidades. Deram nome pra isso até: FoMO, termo abreviado de Fear of Missing Out (medo de estar perdendo algo); ou porforofobia.

Eu tenho um pé atrás com essas coisas geracionais, essa chatice de dizer "ah, essa geração é isso, essa geração aquilo, na minha época não tinha isso". Porém, é real, não temos mais a paciência que nossos avós tinham para "um dia as coisas vão melhorar". Um dia nada. Agora!
Acho sofrível é pensar que a geração anterior era imune a isso. É muito ridículo pensar isso, na verdade. É achar que as pessoas de 40, 50 anos não sentem isso, não tiveram a fase de transição até as pessoas entre 15 e 25 que somos hoje.
Existiu e se materializou na "materialidade" das coisas.
Ter sempre foi muito importante. Mas a medida que você tem mais, por menos, opções e preços variados, as coisas se tornaram um outro nível do consumismo.
 A geração dos meus pais se preocupou demais em ter. Se alguém falou para eles o mesmo que ouvimos, terá escutado que a geração anterior se preocupava em ser. Frase básica de qualquer bom powerpoint viral entre os e-mails nos anos 2000. Todos eles se preocuparam de menos em estar. Estar alegre, estar em algum lugar, estar com pessoas interessantes. E essa é a sensação que eu tenho quando eu vejo essa nossa "juventude". Eles estão muito preocupados com coisas que os pais e os avós estava cagando para.

Antes era muito comum se querer filhos.
Logo após, era necessário casa, carros.
Agora queremos uma boa foto no Instagram.

Antes esfregávamos nossos filhos muito bem educados e com futuro na vida na cara das vizinhas.
O nosso carro do ano, a linha telefônica e o primeiro computador da casa
Hoje estamos felizes indo tendo um emprego que nos possibilite ir de bike pro quarto e sala minusculo e aconchegante e pra nós, espaço, continuidade, família enorme é sinal de uma preocupação que não queremos.
Vimos decadência nisso. Do mesmo jeito que os mais velhos veem um futuro desconhecido e assombroso para nós.

Eu queria ser uma pessoa que começa um assunto raso e termina num assunto raso, mas acho que a discussão do medo que começa nas férias e passa por tantos anos na vida das pessoas não dá pra ser discutida agora. Quando eu tiver menos medo de não "estar" talvez eu me indague melhor sobre o assunto.
Esse blog parece conversa de bar, cada vez mais bêbada, mais profunda vai as pautas...

Às férias: querida, eu amo todo o tempo livre, e não o suporto em igual medida.
Você me faz querer estar para sempre embaixo dos meus lençóis quando chove e assim que faz um calorzinho me faz querer sair correndo de casa.
Nós não temos grana então contamos os centavos na fila do metrô igual a Lorde. E está tudo bem.
Estranho é pensarmos que não fizemos nada. Tivemos diversas crises existenciais, e isso é alguma coisa!
Quem sabe numa delas alguém pense em um sistema novo e incrível entre sermos, termos e estarmos bem.
Algum dia talvez.
Mas não nessas férias.


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