Entrevistadores, críticos cheios de afetação

Na última sexta estava eu bem tranquila em casa enquanto meus amigos curtiam o carnaval. Eu assisti dois filmes incríveis e que acho que valeram melhor o meu tempo, A Criada (The Maid, 2017), e Atômica (Atomic Blonde, 2017). Ambos filmes que eu demorei demais pra ligar a TV e ver, porque eu não acredito que tenha eles a tanto tempo disponíveis e só agora que tenho conhecimento de como eles são bem construído e belo, respectivamente.

Mas depois falarei deles. 

Depois disso me enveredei pela internet pra curar um pouco a síndrome de F.O.M.O que me atingiu ao dar uma olhada nos stories do Instagram. Fui procurando nem lembro mais sobre o que. Sei que achei coisas incríveis sobre 3 diferentes assuntos. Lembro que um foi na TV. O assunto era racismo profissional e eu parei um pouco pra escutar o que a TV aberta estava falando sobre. Essa é uma coisa muito legal da rede televisiva, ao ponto que pode e chega a ser prejudicial em muitas áreas, como o jornalismo como um todo, é o alcance que a tv tem de informar.
A TV manda a notícia/opinião mesmo que a pessoa entrevistada ou o grupo retratado esteja interessado na sua visão ou não.
A questão do racismo no entanto vem sendo retratada de modo mais respeitoso do que algumas outras questões sociais, principalmente por conta da movimentação e das críticas pelos "wokes" nos últimos anos. Vale a pena lembrar do caso William Waack aqui. E de sua interpretação errônea do que é uma comentário demonstrando seu preconceito "aceitável" e quanto pontos na carteirinha de racista ele pode riscar até lhe tirarem do  clubinho.

Falando nisso, nem escrevi sobre mas a Diva Depressão me fez lembrar que é o mesmo William que pisa em qualquer mulher pra se sentir superior, e é meio que por isso que eu resolvi rever quantos apresentadores bossais existem no ar desde... que a TV se tornou esse antro de "ismos". Provavelmente sempre foi.
A reportagem mostrava pessoas pretas, empreendedores e outros bem sucedidos, e como tinha sido suas saídas para o desemprego que sempre os afeta mais.
Eu peguei o nome de alguns:
Eryka Muniz, cantora lírica (questionava por qual razão apenas 10% da orquestra do Rio tem pessoas não brancas)
Isabela Coracy, bailarina no Ballet Black (uma forma de introduzir negros e asiáticos, dançarinos talentosos que não tem vez em outros espetáculos)
Maestro Israel de França (que foi vítima de consecutivas provas de sua força de vontade, aqui e lá fora na Espanha, onde vive à 23 anos)
Júlio de Campos, empreendedor que tem um projeto/site chamado EmpregueAfro para fazer outros negros crescerem (e que não foi devidamente linkado ou falado sobre na reportagem, o que eu achei meio desserviço).

Comecei uma pesquisa sobre literatura de cordel e nordestina em geral;
Eu encontrei esse vídeo sem querer, pesquisando mais sobre a Cecília Meirelles e sobre outras escritoras brasileiras e achei esse programa do Jô Soares ainda no SBT. Programa antigo, e a senhora parece muito com as minhas avós. E era ex-cangaceira, o que me fez ver, mas os comentários do Jô me fizeram querer e parar mesmo de assistir diversas vezes. Você se incomoda com homens interrompendo mulheres como eu? Quando minha mãe disse alguns bons anos atrás que ele era um boçal eu não tinha prestado atenção ainda. Falando nisso, comprei O xangô de Baker Street, vamos ver se eu me agrado mais do lado escritor dele.

Mas aí chegamos ao ponto que eu realmente achei importante falar aqui sobre entrevistadores. Eles tentam ser complexos, E nem sempre conseguem uma resposta adequada dos entrevistados. Acho interessante ter visto e sabido de uma entrevista com a Clarisse Lispector que deixou uma entrevista gravada pra ser publicada depois de sua morte, mesmo ainda não sabendo (imagino, não sei se já sabia) da doença que a mataria.
Foi no final de um de seus grandes e último trabalho "A hora da estrela", que ela concebeu também essa entrevista e você vê uma coisa tão clara nessa entrevista que é a desesperança da Clarisse. Eu nunca fui uma fã. Pra dizer a verdade, choro lendo até os resumos das suas obras, e eu não curto chorar. Chorar pra mim só com animações. Coisas leves, mas que toquem. Não gosto de dramaticidade lendo ou vendo filmes e séries, não gosto de chorar nos meus tempos de lazer.
Mas o que eu estava falando?! Ah, sim, da entrevista e quem entende o momento de se fazer comentários...

Mas dá uma olhada nessa entrevista:


Dá pena da coitada da Clarisse, né?!
Eu não curtia muito ela pra dizer a verdade. Acho as citações chatas, os livros muito existencialistas (que me deixam muito deprimida), e eu não sei por qual razão, já fui comparada com ele por professores. Mentira, foi só um. Mas me fez rir um pouquinho e tentar seguir a vida sem parecer muito com ela. Achei a vida dela inteira triste.
Por isso me comparar a ela era tão "é né (riso nervoso)". Isso quando eu tinha uns 15 anos. Hoje, eu consigo ver uma beleza na obra da judia que se achava recifense que eu não via antes. Ela mostra quem consegue ser empático ou não. Se você entende a obra, você sentiu o que ela quis passar, todas as dores e sofrências dela e de seus personagens. A tal catarse. E procurei por que razão "hermética".
Ora, alguns jornalistas a fizeram tão misteriosa e metida a bruxa.
Pra no final, escreverem que ela é a rainha do óbvio. 


Jornalista parecem não terem entendido Clarisse. Não tem muita empatia.

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