'Get Out' is Not a Comedy, It's a Documentary

Achei uma postagem muito interessante sobre o filme Corra!, que eu nem lembro mais se eu cheguei a comentar por aqui, mas é um dos filmes que fizeram 2017 valer a pena.

A postagem original é essa aqui. Acho incrível que eu ainda consiga achar algo bom no Facebook...

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Alguns pontos da análise do simbolismo no filme "Get Out" (Corra!) feita pelo Dr. Umar Johnson.



1) O Pai representa o racista passivo agressivo, racista enrustido.



2) O atropelamento do cervo simboliza os principais casos de assassinato de Pretos cometidos pela polícia norte-americana. Dr. Umar lembra que todos os assassinatos mais conhecidos, estão relacionados com abordagens de trânsito; Michael Brown, Tamir Rice, Sandra Bland, Philando Castile e Alton Sterling, para citar alguns.

Como comentário adicional, lembro que no simbolismo cinematográfico, o cervo é usado para expressar inocência, devido sua beleza e graciosidade.

Dr. Umar continua apontando a demonstração de empatia de Chris (Daniel Kaluuya) com o cervo depois do atropelamento. Por outro lado, nenhum dos outros personagens (brancos) demonstra qualquer preocupação com a morte do animal.

3) Ao chegar em casa, o casal é recebido pelo pai (racista passivo agressivo), que comenta: "Fico feliz que tenha matado aquele cervo. Há muitos deles. Não se sinta mal, é um cervo a menos para nos preocuparmos. Eles estão se multiplicando por todo o país."

Essa cena alude ao fato de que, em segredo, na privacidade de seus lares, famílias brancas apoiam o genocídio do Povo Preto.

Após revelar sua opinião sobre a morte do cervo, o pai comenta: "eu votaria no Obama uma terceira vez se eu pudesse). Esse comentário, na análise do Dr. Umar, simboliza o apoio da comunidade branca a Obama por ter sido um presidente (preto) que nada fez pela Comunidade Preta em seus mandatos.

4) Na cena em que o pai mostra a foto de seu pai a Chris e diz: "ele competiu com Jesse Owens pelo direito de ir a Olimpíada de Berlin. Meu pai nunca superou aquilo", simboliza a insegurança e inveja dos brancos em relação a genética Preta. Dr. Umar atenta para o fato de que 95% dos Pretos linchados e enforcados também foram castrados.



5) A família branca simboliza as corporações explorando Pretos e Pretas. Aponta também a estratégia dos agentes da indústria esportiva que usam mulheres brancas como iscas para cooptar e controlar atletas.



6) Quanto mais tempo um Preto se relaciona com famílias brancas, mais ele perde sua consciência, sua identidade, passando a atuar (direta ou indiretamente) como agente da supremacia branca.

7) O irmão branco, que se expressa como a pessoa "mais legal" na mesa do jantar, acaba se revelendo depois como o tipo mais agressivo da família. Essa é uma metáfora para o branco "desconstruído" que, diferente do racista declarado e facilmente identificado, dissimula suas reais opiniões e agressividade em relação aos Pretos.

8) A conversa durante o jantar simboliza a investigação feita pelos supremacistas mais poderosos sobre a confiabilidade de Pretos que pretendem se tornar agentes de suas corporações. Dr. Umar Johnson lembra os casos de atletas e artistas muito talentosos que jamais conseguiram construir uma carreira, por não se permitirem corromper pelos brancos. Desta forma, a opinião do Dr. é de que todo Preto elevado ao status de celebridade no sistema branco, recebeu sua posição de acordo com a sua utilidade e prova de lealdade ao sistema. 

O comentário do irmão branco no jantar: "jiu-jitsu é uma questão de poder versus estratégia", simboliza que quando não se tem poder real (o caso dos brancos), a estratégia é usar o poder alheio em benefício próprio. Dr. Umar finaliza sugerindo que devemos aprender a usar estratégia em busca do nosso objetivo maior. "Na arte da guerra, toda fraqueza é força, e toda força é uma fraqueza em potencial."

9) O sistema branco, representado no filme pela família branca, com suas reuniões secretas com outras famílias, é um sistema muito bem estruturado e hostil a qualquer Preto. A mensagem é que não importa o quão habilidoso ou bem intencionado se é, quando você tenta se infiltrar no sistema, o que acontece é o extremo oposto; o sistema se infiltra em você e te escraviza.

10) No filme, a única forma de tirar um Irmão da condição de morto-vivo é por meio de flashes de luz, uma metáfora sobre a Luz do Conhecimento na recuperação da identidade Africana.
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Na cena final, depois de ter sua consciência reanimada pelo flash, o Irmão mata a branca e suicida em seguida. Essa é uma referência as celebridades Pretas que enlouquecem depois de recuperarem a consciência e tentarem sair do sistema branco. O Dr. comenta que os serviços de inteligência da máquina branca contam com exércitos de psicólogos experientes desenvolvendo mecanismos de controle mental.

11) Quando Chris está deitado na cama tendo flashbacks do episódio com o cervo, é sua intuição lhe avisando que ele pode ser a próxima vítima. Umar diz que esse é um alerta para a importância de seguirmos nossa intuição, nossa consciência ancestral que sempre nos manda sinais de alerta.

12) Sentindo que havia algo errado, Chris sai da casa pra tentar entender a situação. Na sequência, a matriarca branca (que é psicóloga) percebe que é o momento de usar técnicas mais profundas de aprisionamento. Ela usa um tom compassivo para quebrar as defesas psicológicas, entrar na mente do protagonista e paralisá-lo com hipnose, assim como o apelo a emotividade feito pelos missionários e igrejas europoides, desde a invasão da África até os dias de hoje.

A cena do protagonista caindo - sem tênis - no vazio simboliza a perda da referência, do chão, do caminho por onde deveria caminhar para escapar do cativeiro.

13) Sobre a xícara de chá e a colher , Dr. Umar aponta simbolismo direto com os tempos de escravidão física.

O chá simboliza o produto das colheitas feitas por Africanos escravizados. Em seu estado líquido, também alude as águas do oceano por onde foram trazidos sequestrados da África. A colher mexendo, é o metal que representa as armas usadas para controlar nossos Ancestrais escravizados.

14) Depois de ser hipnotizado e receber lavagem cerebral na sala, Chris acorda já em sua cama, que simboliza um leito de morte psicológica.

15) Nenhum dos servos da casa procura alertar Chris dos perigos que corre. O único momento em que isso acontece é após o disparo do flash de luz que faz com que os servos recuperem suas consciências temporariamente. Quando isso ocorre no filme, o alerta é "Get Out" (Corra!), o nome do filme.

16) A chegada de outras famílias para a reunião na casa, simboliza um ritual de iniciação de Chris na família que o sequestrou.

17) Quando o branco cego diz: "I know, tiger, let's see your form" (eu sei, tigre, vejamos sua forma) é uma referência a Tiger Woods e o massacre do qual foi alvo, depois de trair a branca enviada para ser sua "companheira".



18) A frase "o pêndulo retornou, pretos estão na moda de novo" dita pelo branco, simboliza a chegada de uma nova temporada de exploração de Pretos.



19) Chris fica intrigado quando o cego lhe diz que já conhecia sua arte e pergunta "como?". O cego responde: "tenho um assistente que a descreveu pra mim com tanta riqueza de detalhes, que sou capaz de reproduzi-la". Essa é uma metáfora a investigação de olheiros que buscam constantemente servos em potencial para seus patrões, donos das corporações. No filme, Chris não havia mostrado sua arte a ninguém. Mesmo assim, todos já possuíam farta informação sobre ele.

Se ainda não assistiu, sugiro que assista.

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Foto de um vídeo de internet mas o artista é o Jermaine Rogers

Pesquisa rápida pra saber quem é esse tal Dr. Umar e quem é a pessoa que compartilhou suas ideias nessa postagem. 

O Zaus (a pessoa do Facebook), não achei muita coisa não. 
Mas o Umar Johnson, já de primeira numa pesquisa rápida na rede social em questão já tem uma página chamada "Umar Jonhson is a FRAUD". Fiquei interessada desde já.
Pelo que eu entendi, e olha, as informações na internet são meio confusas, tem hater, tem gente que entende mas não gosta dele, e os vídeos dele falando me dão preguiça de ver por conta de todas as gírias que ele usa, mesmo que ele seja (pelo que eu li) um conselheiro escolar e psicólogo. Tem até uma treta de que ele tenha perdido a licença dele... bem não entendi e não fui muito a fundo nessas tretas. Me parece que ele é uma Bel Pesche dos EUA ou algo estranho desse tipo. 

 Mas ele é um ativista negro, nisso é o que eu foquei.

E veja bem, eu vejo razão em muitas das coisas faladas no texto. São questões que realmente passei a questionar todos esse último ano. Sobre o poder e controle branco sobre toda a narrativa da história do sucesso negro e como os discursos mudam sem modificar de verdade no mundo da música, onde eu vejo isso com mais foco.
A última leva de empoderamento negro em comparação aos anos de apagamento pós anos 80, e tantas coisas que tive a mente aberta pra entender depois de um vídeo da Faith Couch sobre a mesma onda nos anos 60'.
A verdade: a cada 20 anos "invadimos" o mundo branco, eles nos assimilam, sorriem pra isso, mas o poder deles continua em voga, e somos varridos pra debaixo dos seus tapetes até a próxima leva, daqui a uns 20 anos talvez.
O movimento negro é algum tipo de Jeepers Creepers (ou Olhos Famintos, aquele ser que come a cada vinte e tantos anos). 
Para a branquitude é o que a nossa cultura significa.

E é exatamente assim que ficam os brancos nesses momentos transicionais. 

Mas o importante mesmo é o idealizador do projeto. Claro, ele pensou, ele que diga se é tudo isso mesmo ou não.
Jordan Peele é... um comediante.
E diretor, produtor, ator, etc, etc, etc. Ou seja, ele está no mundo do entretenimento corporativista a um bom tempo.
Do nada ele aparece com ideia foda pra filme e voilá. Eu não sei o que realmente faz comediantes americanos terem ideias tão boas. Chris Rock está aí que não nos deixa mentir. Aqui no Brasil eu conto nos dedos os comediantes que se prestam a fazer críticas sociais e mais ainda, críticas que valham a pena.
Ele conseguiu um modo seguro de se expressar sem ser banido? Ou era um projeto simples que num instante de inspiração depois de ter assistido o filme "A chave mestra". Vai saber...
Uma inconsistência para essa teoria do Umar é a coisa do Peele ser casado uma mulher branca. Talvez ele não tenha ido tão longe assim no pensamento, por conta disso ou não. É só que bem no meio dessa análise, eu percebi um toque de teoria calamitosa, uma viés meio conspiracional pra vermos mais do que está lá realmente na obra do Jordan.

 Mas há verdades nas considerações do Umar dignas de serem expostas aqui.
Principalmente quando vemos que as pessoas não entenderam nem o mínimo proposto pelo filme.
Afinal, o que as pessoas do Golden Globes tê na cabeça pra por o filme como comédia ou musical?
A branquitude debocha nossas críticas na nossa cara. E aí o cara tem a resposta certa pra isso:


“It sort of subverts the idea of genre,” he added. “But it is the kind of movie that black people can laugh at, but white people, not so much.”


O que aconteceria com ele se eles não o considerassem apenas um comediante?

De qualquer jeito, ele tendo que ler e comentar as teorias do Reddit são muito show.


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