LES MISÉRABLES - Histórica Mente

A trama de Os miseráveis se passa entre dois episódios específicos da história francesa: a Batalha de Waterloo em 1815, e os motins de junho de 1832, em Paris, quando estudantes republicanos tentaram, em vão, derrubar o regime do rei Luís Filipe I (One Day More...).
A Liberdade Guiando o Povo é uma pintura de Eugène Delacroix em comemoração à Revolução de Julho de 1830, com a queda de Carlos X.













A linha do tempo do livro/peça/filme (original desse tumblr)
A Batalha de Waterloo na qual o exército de Napoleão saiu vergonhosamente derrotado, após enfrentar as tropas do general Nelson, à frente do Exército britânico, o qual apoiava a causa realista daquele país e via o Império, encabeçado por Bonaparte, uma séria ameaça à soberania dos restantes estados Europeus; 


Victor Hugo iniciou a concepção de Os miseráveis quase 40 anos antes de publicar o romance. Tinha 22 de idade quando, em 1824, começou a colher informações sobre a colônia penal de Toulon, de onde sai o protagonista Jean Valjean, ainda que, no caso de um livro desse porte e desse tamanho, os protagonistas sejam também, pelo menos, Fantine, Cosette e Marius, os outros três personagens que dão nome a quatro dos cinco volumes da história completa. Em 1837, o escritor visita finalmente a colônia penal que fornecia os remadores para o trabalho forçado nas galés, para remarem com os pés atados em correntes. Mas viveria ainda oito anos intensos antes de começar, no dia 17 de novembro de 1845, a redigir aquele que seria seu livro mais importante.

Após diversas tentativas frustradas, Victor Hugo foi eleito para a Academia Francesa em 1841. Em 1843, perdeu a filha, Léopoldine. Recémcasada com Charles Vacquerie, Léopoldine morreu aos 19 anos, afogada junto com o marido depois que o barco em que os dois viajavam virou, em Villequier. Dois anos depois, o escritor tinha acabado de receber o título de par de França quando foi flagrado num caso extraconjugal com Léonie Biard. Ela foi enviada a uma prisão e depois a um convento; ele se fechou em casa e começou a escrever Os miseráveis.

O contrato de edição da obra, com os editores Renduel e Gosselin, já estava assinado quando eclodiu a revolução de 1848, que destronou Luís Filipe I e instauou uma república bonapartista na França, mais tarde transformada em novo império, com Napoleão III. Eleito durante a república para a Assembleia Legislativa, Victor Hugo passa a dedicar-se à atividade parlamentar e deixa o romance de lado. Tenta retomá-lo três anos depois, mas a ebulição política da França da época não deixa. Em 1851, participa de uma frustrada tentativa de resistência ao golpe que instaurou o império de Napoleão III e vai para o exílio. O imperador ainda iria lhe oferecer anistia, mas o escritor não foi muito amistoso na resposta. “Quando a liberdade voltar, eu voltarei”, disse Victor Hugo. Foi no exílio que ele terminou de escrever Os miseráveis, mais precisamente em Mont-Saint-Jean, na Bélgica, nas proximidades do campo da Batalha de Waterloo, descrita, aliás, com maestria em quase 80 páginas do início do segundo volume do romance.

Fonte aqui.

A queda do Império em 1814-1815 traz a Paris os exércitos ingleses e cossacos que acampam nos Champs-Élysées. Luís XVIII, de retorno do exílio, reentra em Paris, lá faz-se coroar e se instala nas Tulherias.

Luís XVIII e Carlos X, e depois ainda a Monarquia de Julho pouco se preocupam pelo urbanismo parisiense. O proletariado trabalhador, em forte expansão, se amontoa miseravelmente nos bairros centrais os quais, com mais de 100 000 habitantes por quilómetro quadrado, constituem severos focos de epidemia; a cólera em 1832 faz 32 000 vítimas. Em 1848, o destino final de 80 % dos mortos é uma fossa comum, e dois terços dos parisienses são pobres demais para pagar impostos. A massa empobrecida do povo, negligenciada e desgastada, está no clima ideal para repetidas revoltas que o governo não consegue nem prever, nem vencer: as barricadas causam primeiro a queda de Carlos X durante as Revoluções de 1830 e depois a de Luís-Filipe em 1848.

Fonte: Wikipédia

Falemos então de Carlos X, o governo anterior:

A Revolução de 1830 por: Rainer Gonçalves Sousa em Idade Contemporânea

Com o fim da Era Napoleônica, a França assistiu a supremacia dos regimes absolutistas lhe impor o retorno da dinastia Bourbon, sob a tutela do rei Luís XVIII (1814 - 1824). A partir de então, uma nova Constituição determinava que o rei fosse o representante máximo do Poder Executivo e que o Poder Legislativo seria organizado em sistema bicameral, onde a Câmara dos Pares seria ocupada por membros escolhidos pelo rei e a Câmara dos Deputados seria eleita através do voto censitário.
Dessa maneira, todos os ideais e anseios gerados pela experiência revolucionária francesa seriam sepultados por um governo elitista que combinava elementos liberais e monárquicos. Sob a perspectiva política, a França se mostrava dividida entre três grupos políticos: os ultras, defensores irrestritos da perspectiva absolutista; os bonapartistas, partidários do retorno de Napoleão Bonaparte ao governo; e os radicais, que buscavam a imediata retomada dos princípios transformadores de 1789.
Em 1824, a morte de Luís XVIII acabou agravando as rivalidades políticas. Naquele ano, com o expresso apoio das alas políticas mais conservadoras de todo o país, o rei Carlos X passou a fomentar medidas que restaurassem o absolutismo do Antigo Regime. Para tanto, indenizou os nobres que fugiram da França durante a revolução, determinou a censura dos meios de comunicação e ampliou a participação da Igreja nas instituições educacionais.
No ano de 1830, a vitória liberal nas eleições para deputado manifestou a imediata reação contra o desenvolvimento de um governo tão conservador. Entretanto, Carlos X não recuou e, por meio das chamadas Ordenações de Julho, impôs um decreto que retirou o cargo de todos os deputados eleitos. Sob a liderança do duque Luís Felipe, jornais, estudantes, burgueses e trabalhadores iniciaram manifestações e levantes que conduziriam a Revolução de 1830.
Por meio da intensa ação de populares que organizaram as chamadas “jornadas gloriosas”, o rei Carlos X abdicou o trono e buscou imediato exílio na Inglaterra. Dessa maneira, o duque Luís Felipe foi quem assumiu o trono com o indelével apoio da burguesia francesa. Em razão desta associação, o novo monarca estabeleceu o fim de várias ações e leis de natureza absolutista, mas fez questão de preservar a excludente barreira política do voto censitário.
Mesmo não permitindo o atendimento das reivindicações republicanas, o novo governo teve a significativa função de colocar fim às intenções restauradoras do Congresso de Viena. Em pouco tempo, a disseminação dos acontecimentos franceses inspirou outros levantes nacionalistas pela Europa. Um exemplo disso se deu na Bélgica, que acabou alcançando sua independência em relação à Holanda.
  

Sobre Luís Felipe I, o rei que os estudantes queriam derrubar em 1832: 

Rei francês entre 1830 e 1848, cognominado o Rei Burguês, nascido em 1773 e falecido em 1850, era filho de Filipe de Orléans e foi eleito depois da Revolução de julho de 1830. O seu reinado foi uma verdadeira monarquia constitucional, mas ele era, sobretudo, favorável à burguesia numa época em que a França começava a sua Revolução Industrial. Inicialmente, teve uma política de equilíbrio de interesses, sendo apoiado pela classe média endinheirada. Nestes primeiros anos, o seu reinado foi afetado por uma oposição legitimista, insurreições republicanas, tentativas infrutíferas de subida ao poder de Luís Napoleão Bonaparte e por movimentos sociais. A partir de 1840, enveredou por tendências conservadoras, tornando-se impopular com os crescentes ideais republicanos, liberais e socialistas, vindo a ser derrubado pela chamada Revolução de fevereiro de 1848.

Entenda melhor:
Com a queda da dinastia Bourbon, subia ao trono Luís Filipe de Orléans, conhecido como o “rei burguês” ou o “rei das barricadas”. Sua posse representou um avanço liberal que repercutiu por toda Europa, pois simbolizava os anseios das nações prejudicadas pelas medidas adotadas pelo Congresso de Viena:Bélgica proclamou-se independente dos Países Baixos Alemanha, Itália e a Polônia iniciaram as lutas nacionais contra a dominação estrangeira.Luís Filipe reformulou a Constituição dos Bourbon, enfatizando o liberalismo:submeteu-se à Constituiçãofortaleceu o legislativoaboliu a censura e fez com que a religião católica deixasse de ser a oficial no país. Apesar disso, manteve ainda o caráter censitário do voto e da candidatura a cargos legislativos. Atendeu, assim, exclusivamente aos interesses  da burguesia, ignorando os do proletariado
caricatura de Luís Filipe Orléans
Caricatura de Luís Filipe de Orléans, cuja ascensão representou o retorno da burguesia ao poder.

Socialistas, bonapartistas e republicanos uniram-se contra Luís Filipe, reclamando uma reforma eleitoral e parlamentar, com a queda da exigência censitária. Organizando reuniões populares e manifestações contrárias ao “rei burguês”, esse movimento ficou conhecido como política dos banquetes, referência às reuniões de opositores que se davam em torno de refeições.
O rei e o ministro Guizot, que havia proibido as referidas reuniões, não cederam às pressões reformistas, o que intensificou as manifestações populares. Os  confrontos  e a rebeldia da Guarda Nacional, que aderiu aos revoltosos, levaram à demissão de Guizot e à fuga de Luís Filipe para a Inglaterra.A revolução de fevereiro de 1848 refletiu-se por todo o mundo exaltando o ânimo das massas que, ansiosas por mudanças profundas, desencadeou uma sucessão de eventos que passou à história como primavera dos povos. 
VICENTINO, Cláudio. DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio. História Geral e do Brasil.

Se você ainda quer entender mais sobre quais foram as consequências de todos esses acontecimentos, indico, leia: 
As Lutas de Classes em França de 1848 a 1850 - Karl Marx


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