Abandono - o poço e o fundo | LiterArte
Mas aqui estou eu
De volta ao meu altar
Retomar o que é meu
O que é o meu lugar
O meu espaço
se é que ainda importa
o que eu falo
se devo fechar essa porta
e se me calo
em meio a rimas rasas
tons neutros
e peles claras
É, ando passando mais tempo do que devia sem escrever e nem produzir algo que seja eu
E que seja pra mim.
Não venho aqui despejar um desespero que eu já deixei de sentir.
A realidade tem me batido tão fundo que meu corpo dói, adoece.
O peso disso faz meus ombros pesarem, minha cabeça doer e uma febre baixa me quebrou.
Alguns desesperos estão literais demais.
Sinto animais medonhos me sugando.
Me sinto suja todo o tempo.
Meu corpo não está nutrido e tudo o que ingiro me faz mal.
Me faz sentir feia, fraca e ainda mais faminta.
E nessas literalidades o sentido poético vai pra lata do lixo.
A coisas não estão só abstratas.
Não são teóricas.
São práticas e estão aqui.
E estão acabando comigo.
Com o que tem de valioso dentro de mim.
A minha imaginação, essa que sempre esteve lá por mim vai pro lixo,
como trapos velhos que não limpam direito o que está sujo e eu preciso jogar fora porque não tem como lavar toda essa podridão.
Eu sei que eu preciso me agarrar ao que eu tenho de bom mas estou travando uma batalha contra a vida.
estou perdendo toda uma vida esperando que a vida melhore
e que eu tenha algo melhor a escrever além do que ao básico eu implore
Fotos, poesia e drama autorais
por D;Regina Kadov
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