Resenha BDL: Blood Truth

Olha aí, eu voltando a escrever sobre a minha série de livros favorita.

Os livros anteriores foram:

 1. Amante Sombrio ★★☆☆☆☆

2. Amante Eterno ★☆☆☆☆☆

 3. Amante Desperto ★★★★★☆

4. Amante Revelado ★★★☆☆☆

5. Amante Liberto  ★★★★☆☆

6. Amante Consagrado ★★★★★☆

6.5 Guia da Irmandade ★★★☆☆☆

7. Amante Vingado ★★★★★★

8. Amante Meu ★★★★★★

9. Amante Libertada ★★★★☆☆

10. Amante Renascido ★★★★★☆

11. Amante Finalmente ★★★★★★

12. The King/O Rei ★★★★★☆

13. The Shadows/ Os Sombras

1. Blood Kiss

14. The Beast/ A besta

2. Blood Vow

15. The Chosen/ A escolha

3. Blood Fury

16. The Thief/ A ladra

17. The Savior/ O salvador**

4. Blood Truth

**O último comentário que eu fiz sobre BDB foi no início do ano depois de ler The Savior

Os livros da série Legacy, do mesmo mundo dos vampiros da J.R. Ward, agora realmente está fazendo diferença da historia central da Irmandade.

Vou ser bem franca, não me interessei em reler nenhum dos livros anteriores (o que eu vou falar sobre hoje é o 4º) e como eu os li em inglês e não me aprofundei em nenhum, provavelmente as minhas impressões tenham sido superficiais, os li só para não perder o fio de condução ou a noção de onde está a linha do tempo, sendo assim, antes eu só me foquei às ações e suas consequências. Deixando completamente de lado a qualidade da escrita pois eu leio muito rápido, até porque a maioria dos personagens dessa ramificação da série me pareceram descartáveis e superficiais. 

Até agora nenhum dos últimos tinha valido uma resenha detalhada.

A resenhas foram abandonadas mas não as leituras. A cada novo lançamento eu me pergunto o que eu estou fazendo da minha vida lendo os livros que eu fiquei obcecada em 2013! Fazem SEIS ANOS. E mesmo reclamando eu não consigo não lê-los.

Mas vamos pelo começo: o 4º livro do Legado tem como casal Boone, o último membro solteiro dos novos recrutas da Irmandade, e Helaine, uma civil aleatória que perdeu sua irmã e busca seu assassino. O plano de fundo é uma série de assassinatos em um clube de roleplay onde vampiros se misturam com humanos que querem ser vampiros.

Vale lembra que minhas resenhas tem spoilers. 

Você foi avisado.

No começo do livro somos apresentados aos dilemas de Boone com o seu pai, que no The Savior (livro de Muhrder), tinha organizado um outro possível levante contra Wrath em conjunto com o ex-vilão Throe. Isso vale pra lembrar que faz algum tempo que não dá mais pra ler os livros separadamente ou fora de ordem.

Temos um flashback para dizer porque o relacionamento do pai, Altamere, um membro da Glymera e do conselho, e seu único filho era tão ruim. Os motivos: o término do noivado arranjado por parte da fêmea com quem Boone iria casar. Mesmo que não quisesse se casar com alguém que mal conhecia o Boone só peitou o pai porque a Rochelle, a noiva, queria se casar com outra pessoa e ele fez a escolha de dizer que ele é que tinha sido rejeitado por não ser digno. O que traria vergonha à sua linhagem e deixou o pai dele bem irritado.

Depois de uma discussão ele joga na cara do "pai" que tinha dúvidas se era mesmo filho do cara e que se ele insistisse em tentar manter o compromisso ele espalharia o boato e causaria mais constrangimento.

Um ano depois e nos vemos na noite em que a Irmandade vai até a reunião do conselho e se depara com a aristocracia vampira sendo atacada por sombras. O Boone tinha avisado o Wrath sobre a possível tentativa de levante da Glymera e, para desencargo de consciência até tentou convencer o pai a não ir já que sabia que o rei ia mandar todos os que estavam conspirando contra o governo democrático absolutista (eu ainda não entendo essa democracia). 

Sendo assim, começa a dar uma de Phury no livro do Vishous e estripa um redutor porque essa parecer ser a única maneira de demonstrar que um personagem está sentindo alguma coisa que a Ward consegue pensar.

E a Irmandade nem percebe essa falha no caráter do cara. Só deixam ele de fora da rotação porque ele esqueceu um colete e pra dar tempo do luto assentar enquanto o avisam que tiveram que o meter uma bala na cabeça do Altamere pra que ele não virasse um zumbi.

Passamos rapidamente por uma passagem do Syn numa balada pegando uma mulher aleatória e você vai notar que a Ward faz de tudo pra que você duvide da sanidade e da inocência desse Bastardo baseado em: lapsos de memória e porque ele não goza.

O que nessa hora me fez pensar em o que a Ward tem contra homem que não ejacula. Isso já foi abordado com o Zsadist, com o Phury, com o Trez em algum momento... é a piscada de olho que ela dá pra nós leitores de que o cara tá desregulado da cabeça (e isso já adianta que haverá uma mulher que em algum momento vai fazer ele gozar litros, considerando que esse é o objetivo e final de cada livro). Acho meio desrespeitoso achar que a disfunção erétil dos machos são resolvidos pela b*ceta certa.

Uma coisa que eu não entendo é a necessidade de fazer com que o Z e o Syn transem com mulheres aleatórias mesmo eles sabendo que não gozam. Não faz sentido pra mim que os caras por mais surtados e masoquistas que fosse se dariam o trabalho de fazer algo que no fim será inútil.

Mas-vá-lá, sempre causa um estranhamento e um interesse sobre onde isso vai levar, não é?

Tá, daí a mesma vampira que o Syn pegou é achada morta de modo cruel e horripilante e logo Butch é chamado para investigar. Já é a terceira mulher morta no porão da balada em um ano e meio. E quem acha o terceiro corpo é justamente a irmã da segunda mulher morta.

Com duas vampiras e uma primeira vítima humana, Butch pede a ajuda de Boone para investigarem o suposto serial killer. E daí a mesma história. Fêmea aleatória, bonita, quieta, quase virgem encontra soldado lindo, sarado, bombadão (como se todos os outros não fossem). É nessa hora que eu dou uma virada de olhos.

O negócio da Ward de impor quase uma padronização de personagem anda mais pronunciada aos meus olhos ultimamente. Principalmente nos livros do Legacy em que as mulheres são quase todas iguais. Tirando a Novo, que é a terceira do outro espectro do clichê onde todas são fêmeas desse mesmo tipo.

Eu não sei vocês, mas parece que a Jéssica perdeu a criatividade. Pelo menos nos homens ela criava coisas menos neutras. Eu não consigo lembrar de nenhuma característica específica da aparência do Boone. Nem dos outros livros nem agora que terminei de ler a história dele. O máximo é a cor dos olhos e cabelo. Azul e moreno respectivamente. 

A Helaine é pelo menos "diferente", as cores são ruivo/loiro (de novo). Olhos amarelos. Eu achei até que ela ia ter algum parentesco com Z e Phury. Mas não, ignorado. Embora seja outra coisa estranha já que eu acho que lembro alguém dizendo que os olhos deles eram raríssimos, e o Z justamente sofreu tanto porque tanto a babá que o sequestrou e a Ama o achavam lindo e raro. E as mesmas características numa fêmea civil nem fez ninguém piscar... alou?

Tá; seguindo.

Helaine (ah, e quantas derivações do nome Helena vão haver? Acho que essa já é a terceira. Isso tá parecendo uma novela do Manoel Carlos) é uma fêmea reclusa que apenas sai de casa para procurar o assassino da sua irmã, morta a oito meses do mesmo modo da última: sangrando pelo pescoço, içada pela parte de trás da cabeça por um gancho de carne.

O passado dela é: ela era surda antes da transição, mais ou menos nos anos 40, 50 (pelo que eu entendi os pais dela morreram nessa época, mas posso estar errada). Não desenvolveu muitas habilidades sociais, acha que não consegue manter uma conversa, é tímida, trabalha em casa, é viciada em filmes e suas referências românticas e sociais são do cinema dos anos 80. 

Tinha uma relação meio parasitária com a irmã mais velha, que vivia a vida dela saudavelmente e tinha amigas e uma vida social ativa, mas nunca quis deixar de viver com a irmã mais nova não-mais-deficiente porque sentia que devia cuidar dela.

Sua principal chatice questão interna é ficar se comparando com a Isobel todo santo minuto. Isobel isso, Isobel aquilo. Isobel, que, coitada, devia se remexer no túmulo com todo aquele drama sem ter pra que. The Savior tem essa mesma chatisse com o noivo morto da Sarah. Argh!

O lance do quase virgem é que ela só teve um relacionamento de um ano, 10 anos atrás. Padrão da Ward. As mocinhas nunca são experientes, mas se são forem virgens (até porque dá pra fazer a história andar mais rápido), parecem que transaram umas duas vezes na vida só. *olhos revirando com força*

Se nunca fizeram dá problema no fluir da trama, se fizeram muito são vadias. É a armadilha do slut shaming. 

Enquanto o Boone do outro lado, está se apaixonando pela vampira, ele lida com a culpa "por estar aliviado" pela morte do pai que ele nem sabia se era mesmo, mesmo desconfiando de que ele tenha matado a mãe dele com a ajuda do mordomo. Mordomo esse que ele confirmou as suspeitas de que tinha um caso com o pai dele, e que talvez seja o beneficiário do testamento. 

Isso é como  Wrath deve ter visto o Boone.

E que acaba sendo mesmo. O Wrath dá um prazo de duas semanas pra ver se não era fraude mas pela data que o documento foi reescrito (logo depois da briga um ano antes), Boone diz que está certo e que não está nem aí e que o Musquiat fique com todos os bens dele. Idiota pra cacete, e uma das coisas chatas do personagem é a exaltação da pobreza. 

Sai puto e acaba resolvendo estripar um estuprador humano que ele encontra por acaso. E ele esbarra com o Syn que fica lá observando. Até que ele resolve aparecer e levar a culpa por Boone quando outro bastardo se aproxima. Ah, e por um momento eu achei que iam revelar que o Syn era um Sympatho. Baltazhar e Boone veem os olhos escuros dele virarem vermelhos. Juro, eu esperei querendo que isso acontecesse, mas mais pra frente temos outra caminho pra esse personagem.

Algumas conversas, um encontro e meio depois (ele marcou mas não foi) eles já estão transando, na noite seguinte ela passa pela necessidade dela (o período fértil que acontece a cada 10 anos). Eles não ficam efetivamente no período do sofrimento, mas pouco antes eles estavam juntos, o que recai a dúvida se ela está ou não grávida.

Foi uma parte do livro que eu realmente me interessei. Eles estavam trancados durante o dia e tiveram que pedir ajuda para a Irmandade. Boone se trancou, ligou pro Butch, que acionou a Dr. Jane. Maior logística e ainda assim o perigo de uma gravidez. Nunca mais tinha visto a abordagem dos problemas da necessidade das fêmeas nesses moldes. e foi interessante rever. Afinal, gravidezes não são apenas plots interessantes, mas são problemas que fazem os personagens desenvolverem mais possibilidades. No caso, a Helaine fica em negação e Boone fica #chateado porque ele quer que ela esteja grávida mesmo que eles estejam juntos a dois dias no qual um ele faltou ao encontro, ele nem falou que a ama ainda, ele também está quase sem-teto e sem um puto. Mas "ah, ele quer assumir ela e o bebê"; Ah mano, pra se foder viu. O cara não consegue nem se por no lugar dela. E a Ward tem esse jeito meio estranho de tentar fazer os caras "bons moços" demais. Como se a Helaine que tivesse errada... sei lá. É esquisito. Ah, e tem também as questões de diferença de classes que vive sendo exposta e ao mesmo tempo falada que não tem importância pelos próprios personagens. 

Os dois vão verificar na clínica se ela está grávida mesmo e encontram o Syn sem querer, que a Helaine reconhece como a pessoa que estava com a Mai, a última morta, antes que ela a encontrasse. Daí temos o momento dramático. Syn sendo acusado. 

Puta que pariu. Eu sabia que ia acontecer. Até porque ele é o assunto do próximo livro. O que não deixou de doer um pouco saber que o bando dos bastardos sempre vai ser um grupo à parte da Irmandade. Principalmente quando a autora nos presenteia com o conhecimento de onde o grupo está na casa: uma parte separada, um ala só pra eles. E isso traz uma sensação tão... segregacionista da mansão. Eu me perguntava como a integração estava acontecendo e até esperava isso mas não queria.

E saber o passado do Syn a partir da visão do Balthazar é triste pra cacete. Acho que não seria tão ruim se fosse ele mesmo contando.

O negócio é que o vampiro, que até agora não foi dado como sympatho mesmo com os olhos brilhando vermelhos pra Butch quando o Irmão apontou uma arma pra ele e Syn pos a arma na boca e desafiou ele a atirar... enfim. Drama. Eles "internaram" ele por conta do risco de suicídio. E V gravou ele confessando para Xcor que foi ele que matou as fêmeas. Mesmo não sendo verdade. Porque ele queria que alguém o matasse. Foi tão, tão, tão triste.

E depois de vasculhar provas e não achar nada no quarto vazio do cara, Butch falar com o primo dele e descobrir que ele tem apagões, convulsões e problemas diversos depois de uma pancada que o pai deu nele quando ele era criança... Partiu meu coração.

Eu não gosto da ideia da irmã de Butch e Manny com o Syn, acho que vai ser outro livro chato, mas esse início foi foda demais.

Da resolução do caso, chegaram à conclusão de que ele estava mentindo e querendo uma passagem fácil pro Fade pelo olfato do Wrath. Então eles só puderam achar o culpado porque o cara era o mordomo mesmo da casa do Boone. Fez isso porque era uma afronta "à casa do seu mestre" que o filho dele fosse trocado por uma outra fêmea.

Sim, porque a Rochele estava apaixonada pela Isobel e desfez o noivado com Boone pra ficar com ela.

Quando os três, Rochele e Helania e o Boone estão esclarecendo isso na casa que ainda é dele, e enquando o cara consegue juntar A+B, o Musquiat sai do nada e ataca as meninas, confessando assim que matou Isobel pra proteger a reputação da linhagem do Altamere, e a Mai tinha sido morta porque sabia que podia ser ele.

O que me faz pensar, porque ela foi trepar com Syn onde a amiga tinha sido morta sabendo que o cara que tinha a matado estava solto e que o mordomo stalker estava sabendo que ela sabia ao menos superficialmente o seu possível envolvimento?! Mai morreu de graça ou só foi muito burra.

E o Boone? Era mesmo filho de um caso da sua mãe? E seu pai tinha mesmo mandado Musquiat matar a mãe dele?

Será que Musquiat não era só uma vítima de um relacionamento abusivo de um macho que o manipulava para não sujar suas mãos de sangue? Afinal, quem chama o amante se "meu senhor" se fosse o serial killer gênio do mal que pareceu ser?

E outra pergunta mais importante: o Butch agora sabe ou não desmaterializar? É descrito que ele "surge" da frente da casa do Boone para o enterro do pai dele, mas no fim do livro o V tem que abrir a porta da casa pra ele passar. Erro da Ward, esqueceu que ele não se desmaterializa ou erro de tradução?

Blood Truth valeu o meu tempo?

Pra falar a verdade, mesmo com as perguntas sem respostas, eu apreciei a quantidade de informações novas desse livro e o quanto preparou terreno para  próximo. Sigo mantendo um crescente tédio  com relação à escrita repetitiva da J.R., incluindo sobre temas: disfunção erétil, a pobre vida rica da glymera, alguns comentários fora de tom como a besteira sobre leite de soja, amêndoas, etc ser uma "porcaria de hoje em dia" (se essa for a opinião da Ward eu tenho que mandar ela à merda, como se fosse escolha de muita gente ser obrigada a tomar as alternativas pela intolerância à leite animal...), além dos perfis dos personagens. Eu aproveitei a viagem no entanto. Acho que vale ao menos um regular.