InuYasha e o poder da nostalgia

Depois de uma última atualização um pouco exaltada, exatamente um mês atrás, preciso dizer aqui que reassisti alguns episódios de InuYasha e reli toda o mangá. Estudei profundamente o que me deixou tão agoniada com o novo anime em comparação com os meus sentimentos relacionados à obra original e cheguei a algumas conclusões:

Eu amava InuYasha dezoito anos atrás, e continuo amando.


Sim, eu cresci, mas o que InuYasha foi para mim eu nunca superei, nunca foi suplantado, nunca foi esquecido. Eu lembro com uma perfeição inigualável o quanto eu era louca por essa animação e ao longo do tempo esse carinho só cresceu com a nostalgia. InuYasha não foi o meu começo com animes
 

(Lembrando que, nessa época, eu já tinha uma bagagem enorme de desenhos animados japoneses no meu coração, de todos os tipos, desde os clássicos shonen infantis como AstroBoy Dragon Ball, Pokemon, Digimon, uns mais complexos que já lidavam com coisas sobrenaturais como YuYu Hakusho, Shurato, Samurai X. Até alguns muito menos infantis como Tenchi Muyo eram dos meus favoritos.) 


 mas foi com certeza o primeiro mangá que eu comprei. Na época custava cinco reais na banca e eu tenho quase certeza que eu tive três deles até chegar a conclusão de que eu não tinha esse dinheiro todo para dar, principalmente porque eu peguei já no arco dos Shinchinitai e estava longe pacas de onde eu tinha parado no anime, sem contar que ainda mais longe de terminar. O horror...
Juro, eu chorei quando eu não pude ver um episódio por conta de uma consulta ao dentista. Lembro de voltar pra casa do centro da cidade arrasada pois era justamente o episódio da volta da Kagome depois que o InuYasha dá um abraço nela e joga ela no poço. *E coincidentemente, onde eu pausei o anime neste presente momento.* Eu gravava os episódios no VHS. Era sofrimento! Vai pensando. 
Como eu tenho essas lembranças muito vívidas de uma Débora de doze aninhos, InuYasha tinha parado de passar na TV Globinho por conta das diversas censuras (e dava pra saber que não ia durar, tinha episódio cortado pela metade) e eu estava desesperada para conseguir acompanhar o final; com quem o InuYasha ia terminar? O que ia acontecer com Miroku? O que fez Sesshoumaru ser daquele jeito? Essas perguntas me torturavam. Foi nessa época que comecei não só a ler, mas escrever fanfics.
Sem contar os amigos que eu fiz e as conversas sobre anime que seguiram por toda a vida... enfim, é impossível não me sentir nostálgica. Foi um anime decisivo da minha trajetória. Ah, a comunidade de fãs de InuYasha... (Blogs,e mais blogs) Eu tentando montar o quebra cabeça com as informações que eu achava no orkut. Foi um inferno até encontrar finalmente quem pirateasse os dvds pra mim.
Até por isso, ver um novo ciclo de formar para continuar essa história tão importante para a minha formação me deixa, em primeiro momento, ansiosa, em segundo momento, com raiva. Na minha cabeça vem sempre um"era perfeito, por que mudar?"

Mas essa é uma questão; não era perfeito.

Assim como eu pude crescer e envelhecer, o conto de fadas que eu acompanhei também sofreu com o tempo. É triste constatar que eu fiquei velha, mas é mais triste ainda saber que as coisas que eu assisti ficaram... não absoletas, nem sem valor, mas ultrapassadas em certos aspectos.

Revisitando velhos amigos:

Ainda encantada com o capricho desse anime.


Rever o anime foi uma dessas experiências que faz você ver certas coisas que a muito tempo atrás você não veria e analisar a obra com outros olhos. Hoje eu fico preocupada se Anne nunca puder aproveitar essa história como eu aproveitei ao mesmo tempo que me preocupo com a mensagem que ela vai tirar dela.
Sim, a história foi criada por uma mulher e já tinha diversos avanços ao não sensualizar tanto os personagens, as mulheres são no geral, tratadas com muito mais respeito e importância comparados a outros animes, mas. Tem sempre uma característica do tempo que pode ser revisada.
E não se engane, eu fico feliz que a percepção por características de certos personagens como Miroku e sua "mão boba" (normalização de assédio!) ou as reações exageradamente físicas a Kagome e Sango (bater no seu namorado não te faz mais feminista) sejam discutidas como os problemas que realmente são. Das problematizações sobre essas construções de personagens eu só acho realmente injusto o InuYasga em si pois eu acho que, pelo menos no mangá, ele não engana a Kagome como fazem parecer em alguns posts por aí e a tal da responsabilidade afetiva não se aplica a esse caso específico. Faz parte da construção do personagem ele ser essa pessoa que finge não gostar da pessoa que gosta e é compreensível ele ser essa pessoa cheia de falhas, pois ele foi construído desse jeito e todo o background justifica suas ações e impulsionam seu crescimento na narrativa. O Kouga por sua vez, coitado ou assassino impiedoso, o roteiro não conseguiu definir, ficou pelo caminho, então acho pouco proveitoso questionar porque ele saiu impune de ser o líder do clã de lobos que matou a Rin (tenho pouca lembrança, mas acho que o anime emenda essa falta no mangá).
Até os antagonistas Kikyou e Naraku, que tem duas das construções de vilania mais confusas ever, tem um ótimos desenvolvimento para se tornaram tão chatos e odiados mesmo sem fazer muito.
Eu odiava essa desgraçada e adorava esse miserável.


Mas uma das coisas mais preciosas e misteriosas do mangá era definitivamente o Sesshoumaru. 
Não por outro motivo, o rival (e eu pego essa palavra do vídeo do Entre Planos que recentemente me reapresentou o conceito) 


acabou sendo o personagem central a partir do qual todos os eventos ocorrem no Yashahime. Se no original, tudo girou em torno da Kikyou, e todas as ações e decisões dela moveram a trama até depois que ela morre, Sesshoumaru provavelmente foi a ponta solta de InuYasha que motivou sua continuação. Afinal, você não desperdiça um personagem tão icônico e com tanto pra contar. 

Mas, afinal, só curiosidade justifica arruinar a minha lembrança de infância?


Eu vou acabar dando uma chance para saber pelo menos o que aconteceu com a Rin. Eu estou morrendo de curiosidade pelas desculpas que deram, e eu acabei procurando alguns spoilers e dizem que eles explicam em alguns flashbacks alguns acontecimentos. Fora isso, eu acho que ainda vou fazer um review do mangá já que deu tanto trabalho e tempo lendo os 559 capítulos. Eu até tinha tentado antes, mas li quebrando os arcos; dessa vez eu li corrido e admito, fillers me irritam menos do que a repetição sem sentido de "InuYasha perdendo de Narak > InuYasha conquistando um novo poder > InuYasha vai atrás de Narak > InuYasha perdendo de Narak " (tirado desse post). Na verdade, Naraku passa a mairo parte do anime escondido/fugindo. E dando poderes a gente aleatório o que precisamos admitir e aceitar, não faz nenhum sentido.
 
As capas são realmente muito parecidas, mas eu amo o traço da Rumiko e a pintura que se não me engano, é uma tinta aquarelável. Ainda quero ver algum makingof.


Eu ainda estou revendo o anime aos pouquinhos. Percebo que não aprecio mais a dublagem como antes embora a animação fique cada vez mais perfeita toda vez que assisto, pois consigo perceber a preciosidade da arte com maior senso crítico do que quando ainda era criança; assistir isso em widescreen seria incrível mas eu engulo o formato SnyderCut com certa facilidade.
 A verdade é que eu gostaria de rever os fillers mais do que a animação da história que eu já li. O que é canon já me conquista sozinho, mas eu adorava alguns dos episódios mais contemplativos com focos em personagens como Jaken, por exemplo. Fiquei decepcionada por não ter nenhum enfoque dos personagens menores, mas que bom que houveram fillers para matar a minha curiosidade sobre alguns detalhes bobos como esse. É como ler fanfics, não é?

E olha, eu nem falei da trilha sonora, que é fantástica. Vou deixar aqui:
A minha música favorita ainda é Rakuen do Do As Infinity.

Offtopic: Esse tour me deu vontade de revisitar outras obras, por isso eu comecei a ler YuYuHakulho e a mostrar Bucky a Anne.

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