Que tipo de pessoa sou eu?

Fui tentar revitalizar o ‘blog’ ontem e uma hora precisei fazer novamente uma coisa que eu tinha feito mil anos atrás. Aqui no blogger a sessão para se descrever tem um espaço de 1200 palavras. Escrevi 6. 
Ele pede para que eu determine quais os meus filmes favoritos, livros favoritos. 
Músicas favoritas. Cacete, como eu poderia cravar isso em pedra. Ainda mais para as outras pessoas. Ainda mais para mim mesma, que sei que seria uma fala plástica, falsa. No mínimo, efêmera.

Quem sou eu afinal?

Quem é essa pessoa que eu me tornei?

Depois de uma adolescência cheia de certezas, o que foi que eu fiz da minha vida pra ser uma adulta tão insegura sobre as minhas próprias escolhas?

O que eu sou, no final das contas. Só pus pessoa ali no título por total falta de outra espécie de definições. E de todas essas frases em que descrevi a minha angústia, isso só me fez ver o quanto eu escrevo a palavra "EU" por frase. São muitas vezes. 
Eu, eu, eu.
Meus, minhas, mim, me, sou. 
A única coisa que sei falar/descrever/escrever é sobre mim e ainda assim, não sei de nada. Não conseguiria dar uma resposta conclusiva sobre nada.

Qual é o seu livro favorito? "De qual saga?" Seria a minha resposta.
Qual o filme preferido? "De qual ano?" Seria a minha resposta.
Música favorita? "Beyoncé, certeza, mas de qual era?"

Não tenho como escolher. Preciso de um momento específico, uma das caixinhas dos quais eu vá pinçar as que eu mais gosto, e ainda assim, terei dúvidas.
Preciso dividir, subdividir, pôr marcadores. Determinar tempo, espaço e os meus sentimentos sobre o momento de descoberta.

Por exemplo: 

Não faz nem dois meses que eu decidi enfim terminar o ciclo Potterhead da minha vida.
Explicando, eu passei uma década me esquivando de Harry Potter e tudo o que diz respeito a J.K. Rolling. Pelo simples fato de nunca ter entendido por que ou como ela podia ter matado Sirius Black no quinto livro da saga, e feito de A Ordem da Fênix o livro mais longo e detestável que eu tinha lido até os meus 12, 13 anos de vida. Eu amava odiar o quinto livro, a Umbridge, e tudo o que dá terrivelmente errado, mas chegou num fim em que eu sofri demais a um ponto que nunca a desculpei por estragar a experiência com uma morte que eu não vi nenhum sentido. 
Nessa época o sexto e o sétimo livro ainda estava pra lançar e eu renunciei o fandom por conta das inúmeras desgraças que eu fiquei sabendo em spoilers. Só vim terminar de ver os filmes por muita insistência de amigas e ainda assim, não prestei atenção devida, ainda magoada com todas as mortes que ocorreriam.

Daí que quase sete anos depois a minha filha entrou na fase Potterhead.
Ela assistiu com as primas do lado do pai, e duas das minhas já estava na onda, e outra delas também estava lendo pela primeira vez. E juntando todas essas influências eu decidi que estava na hora de ler o primeiro romance de Anne. Ela dormia mais do que prestava atenção, mas pegou os outros livros pra ler, o que me deixou muito feliz. Reler o primeiro livro depois de tanto tempo (eu o li aos nove, emprestado, e nunca mais revisitei, diferente do terceiro, quarto e quinto que reli à exaustão), me fez me apaixonar pelo universo novamente. Decidi que estava na hora de finalmente terminar o que comecei na minha infância. Li o final do quinto (pra refrescar o que causou o bloqueio), o sexto e o sétimo. O terceiro ainda é meu livro preferido, mas me arrependi amargamente de nunca, nesses anos todos, ter tido o prazer de ler "O príncipe mestiço".

O último livro é sim, muito legal, mas o penúltimo é especial. Li-os em uma semana. A próxima foi marcada por uma tentativa de mudar a vida começando com uma arrumação geral, peguei várias coisas que estava insatisfeita e modifiquei, fisicamente, do meu espaço. Uma semana depois me peguei tentando rever o que acabei deixando de lado da minha vida, coisas que procrastinei e que eu ainda posso voltar e terminar. Algumas delas eu não pude desfazer. Perdi algumas oportunidades. Estou tentando não me sentir tão culpada sobre isso. Comecei outro curso.

Um mês depois, me encontro aqui, tentando entender o que define as minhas preferências. O que me torna eu.

Tenho três meses pra terminar cursos que comecei em março.
Não tenho escutado tanta música quando eu queria.
Nem escrito (à mão, pelo menos) tanto quanto eu gostaria.
Devia estar terminando o bendito capítulo que já está quase concluído, e já está no tempo de publicar outro.
Tenho o meu romance pra planejar.
E tudo o que eu consigo pensar é em estar fazendo outras coisas.


Divaguei.


Voltando ao assunto, principal aqui... eu não tenho ideia se as coisas que me definiam antes me definem hoje. Eu não sou a mesma. Dez anos atrás, suponho que as respostas das perguntas propostas seriam "Clube da Luta", "Garota, Interrompida", "V de Vingança", em ambas as categorias, filme e livros. Hoje eu precisaria relê-los para saber se seriam mesmo meus livros favoritos. Assistir novamente, também, embora eu não consiga pensar em nenhum do outros filmes que poderiam ter me marcado mais. Talvez "O libertino", mas passei a achar o Johnny Depp meio cuzão, então é difícil de desassociar esse pensamento. Tenho esse ranço pela J.K., agora por outros motivos, mas não culpo o Harry e a Hermione pela transfobia dela, seguindo nessa linha, talvez devesse deixar de implicar com os filmes que eu amava por conta do ator que os interpretou.
De qualquer jeito, eu nem assisto mais muitos filmes. Séries de TV/Streaming são muito mais interessantes.

 Música, ainda seria a Bey, mas em dez anos a Queen B nos deu tantas músicas boas que seria impossível eu escolher a melhor, embora Dangerously in Love ainda me dê arrepios relacionados ao meu primeiro amor. O meu último me deu uma boa noção de que consigo amar muitas outras coisas músicas, Rihanna me mostrou uma nova parte de mim no último álbum #ANTI, mas já chegou tanta coisa nova... Teve o Dirty Computer da Janelle, álbuns que fiquei viciada por pontos importantes da minha vida. Eu surtei muito pesado nesse último.
Tem músicas avulsas que passaram a ser importantes em alguns momentos, outras que eu acreditava que durariam na minha memória, mas começam a se esvaecer.

Enfim. Sentimentos vão mudando, eu vou mudando.
O tempo apaga.

E eu vou desassociando de quem um dia fui. É difícil lembrar quando eu não reconheço que sou essa mesma Regina.



Comecei esse texto uma, acabei outra. Ou talvez eu esteja mergulhada até o pescoço nas teorias deterministas de Dark pra pensar em qualquer outra coisa que não seja se eu sou um erro na matrix.

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