Capítulo 1 - MINIMAL
Eu não sei exatamente se isso é um diário online, ou se isso será uma coisa que eu escrevi só pra apagar tudo depois, ou algo que eu queira que outras pessoas leiam ou não. Eu tenho escrito muito por muito pouco tempo. Eu tenho nesse momento seis cadernos e seis blogs; eu não sei o que esperar deles.
Posso dizer que gostaria de classificá-los, como tudo na minha vida. Por em ordem cada coisa, cada ideia, cada pensamento. Me perguntei essa semana se não estou viciada na ideia de organizadores mentais, e que talvez eu não precise deles. É verdade que preciso me expressar, e não dá pra fazer isso desorganizadamente, porque não consigo não focar na bagunça que eu faço só pelo ato de pensar, criar e escrever. Tantas coisas pra tentar me organizar e nada realmente ajudando.
Isso caracteriza que eu preciso me focar a juntar as coisas no meu cérebro. Porque é exatamente isso, os pensamentos não estão se conectando uns com os outros. Isso é uma metáfora pra tudo na minha vida. Tudo está disperso. A parte de relacionamentos não conecta com família, família não conecta com vida profissional, vida profissional não conecta com as missão, missão não conecta com gostos pessoais, e assim por diante. É fato que o seccionamento me ajuda em muitas coisas. Falar sobre uma coisa que interessa a um grupo de amigos, mas que não interessa a outro é um coisa que me proporciona ser sociável com diferentes pessoas. Mas nem sempre isso me faz feliz. Eu gosto da ideia de ser coesa, um ser compactado, e que tudo o que me interessa se relacione entre si. Os meus pensamentos tem que casar com as coisas que eu faço e com o que eu estou vivendo. E não dá pra fazer isso separando tudo em nichos.
Nessa de tentar diminuir a bagunça eu continuo tentando encontrar meios de me organizar externamente. Eu comecei um projeto de minimalismo, me livrar de coisas que eu não preciso, doar, vender, ou seja, fazer qualquer coisa mais produtiva com as coisas que eu ando 'colecionando' e eu não estou nem mesmo usando. A quantidade de papel se mostrou impossível de fazer uma limpeza. Caramba, o quanto eu tenho de livros que que eu não li ainda não é brincadeira! E quanto de cosméticos que eu não uso, mas que vão se acumulando enquanto eu reclamava de não ter espaço pra mais nada. Ou de cabides, que estavam lotados de roupas que eu uso de vez em nunca. Ou nunca mesmo, porque eu guardo no armário até coisas que eu não pretendo mais usar, mas que estão lá só pelo "valor sentimental".
Eu nunca tinha me considerado uma consumidora compulsiva, ou uma acumuladora. Até porque, eu não consumo o que eu compro. Eu estou tão enterrada na ideia de que eu devo economizar, pra não ter que comprar novamente por um bom tempo, que eu não uso as coisas, mas também não me desfaço e nem ao menos deixo de comprá-las novamente. E quanto ao acúmulo, comparando com outras pessoas próximas, eu me achava muito menos compulsiva a guardar. "Afinal, nunca tive muito.", mas eu tenho, e tenho demais! Por que eu penso isso?
Por que eu penso que nunca tenho tantos livros pra fazer uma biblioteca como algumas pessoas que eu conheço, e admiro por isso. Mas elas leem muito mais que eu. E realmente leem livros, enquanto eu prefiro muito mais, ler jornal ou textos na internet. Eu me prendo muito mais a livros que eu já li, os meus favoritos, não sou muito de me aventurar em livros novos, como eu estava me forçando a fazer e que obviamente não deu certo, a pilha de livros não lidos está me mostrando isso.
Eu ganhei muitos dos cosméticos que eu não uso/usei por um tempo e deixei pra lá, assim como as pessoas que me deram. Mas continuamos a guardá-los, porque é de bom grado que você aceita, mas no fundo, você sabe que não precisa. Continuamos a guardá-los por "ah, quem sabe algum dia eu precise", ou "alguma hora dessas eu vou me inspirar pra usar". Aí, você usa por dois dias, uma semana, e depois pára. Por que? Porque você não precisa. Mas você pensa também pensa, "puxa vida, eu trabalho tanto nesse emprego porre pra comprar essas coisas, porque eu não posso comprar, ter e guardar o quanto quiser?". Resposta simples pra isso é : porque essas coisas tem prazo de validade. Quando não tiver mais como usar, vai ter que jogar fora do mesmo jeito, e aí ninguém vai ter usado.
E até as coisas que não tem data de validade, tipo aquela roupa que não cabe mais em você, ou que não tem nada a ver com o momento da sua vida, o resto do seu armário não combina com nada ou tem que fazer novas compras pra encaixar essa peça, e aí vai ficar esperando até ter comprado novas peças ou você tenha esquecido completamente do outfit que você tinha montado na sua cabeça. Sempre aquele pensamento de "mas vai que eu precise um dia"; "eu vou me arrepender de doar esse vestido que eu não uso a anos", "eu vou sair mais, então vou ter pra onde ir com esse sapato"; "mas só preciso ter coragem de ir na costureira e mandar ajustar"; e todas essas desculpas. Elas acumulam no cérebro assim como cada peça de roupa sem uso do guarda-roupas que nem suporta mais tantas, fazendo você querer fazer um investimento sem sentido em um guarda roupa maior... só de escrever isso já penso em todas as roupas que ainda estão ocupando espaço e que ainda não doei por esses mesmos ou qualquer outro pensamento típico de um acumulador.
Algo muito importante pra se pensar também: se está no emprego pra comprar coisas inúteis, sai desse Titanic. Tem muito mais te esperando no botinho sem nada além de um colete salva vidas e um sinalizador, do que o final trágico em água gelada, no fundo do mar. Isso se chama VIDA.
É bom ter em mente, e é o que eu teno me forçado a me perguntar são algumas perguntas bem básicas, e que eu me fazia com uma certa frequência quando era bem mais nova, por alguma razão desconhecida até então:
- Se acontecesse um incêndio na casa, e eu tivesse um tempo limitado pra pegar as coisas que estão dentro dela. O que eu pegaria?
- Quando sai de casa, quais as coisas que realmente não posso esquecer de levar?
- Se estivéssemos sendo atacados por zumbis (ou o julgamento final acontecesse finalmente, depende do que acredita que vai acontecer primeiro), quais as coisas realmente necessárias a se guardar?
Nessas de responder essas questões eu cheguei a conclusão de que compactar as coisas seria o melhor a se fazer. Guardar as coisas importantes online e em um HD externo. Uma pasta só pra todos os documentos importantes. Carteira que suporta tudo o que é necessário ao sair de casa. A necessidade de uma bolsa também é completamente questionável depois da segunda pergunta.
Fim da parte 1
Comentários
Curiosamente hoje estou finalizando minha mudança de casa e passei exatamente pelo que vc disse “Eu comecei um projeto de minimalismo, me livrar de coisas que eu não preciso” e vi minha quantidade de itens diminuir em 1/3 ou mais.
A nossa mente é facilmente fisgada por coisas que nos trazem sensação boa mas depois de um tempo que percebemos que não precisávamos daquilo precisávamos era de satisfazer nosso ego ainda que fosse de forma momentânea embora as vezes negamos isso e entra a frase que vc bem lembrou “ah deixa ai que um dia eu posso precisar.”
No meu caso as vezes uso de me desfazer de coisas como uma possível parte de uma terapia criada por mim mesmo rs*. Como se me desfazendo de coisas me ajudasse a me desfazer dos tristes momentos que já vivi por querer somente ser o que sou e fazer apenas e principalmente se aquilo me da prazer.
Sua analise e suas analogias são sensacionais.
Estou praticamente já ficando viciado em ver vc. Ou seja se vc fosse uma escritora eu provavelmente compraria seu livro.
Bjss