Maternidade e padrões falidos

Faz tempo que vi uma entrevista com uma filósofa francesa que a um ano atrás fez uma entrevista para a Veja e eu tive a sorte de ver perdido na minha timeline (aqui o link). Ela me deu uma vontade muito grande de 1. Ser filósofa. 2.Falar francês. 3. Escrever e falar sobre maternidade e toda essa baboseira que fazem as pessoas acreditarem em serem mães suficientemente boas.
Eu tenho ideias muito restritas ainda sobre o que é ser mãe. Tenho como parâmetro minha própria criação, a relação com a minha avó, a relação da minha avó com a minha mãe (que devo confessar, nem conheço bem de verdade), e a minha relação com Anne. Posso até ter contato com algumas poucas mães de modo mais próximo, mas não poderia falar sobre os vgvgvsentimentos delas, obviamente.
Porém, devo dizer que observo muito o que vivi no começo da vida de Anne, a tentativa de se encaixar no modelo de mãe. Aquela que teve filhos "na idade certa", aquela que parou de se divertir, de beber, de viajar e de transar pra se dedicar às crianças e a manter a casa arrumada. Realmente, depois de ter filhos você precisa de um pouco de neurose com a bagunça, porque senão em alguns minutos de brincadeira eu mesma fico agoniada, coisas espalhadas por toda parte não é legal para sanidade em geral. E crianças são crianças, não estão nem aí se a organização é necessária pra manter vocês, pais e familiares, longe do sanatório.
Vi algo que não me deixou muito confortável em minha passagem por um dos muitos grupos de indivíduos online, esse um grupo de apoio a pessoas com problemas psicológicos. Fala-se muito sobre família nesses grupos, e é normal ver reclamações, desabafos e lamúrias muito relacionadas à solidão de estar numa família que não te aceita, não te entende, faz abusos físicos e psicológico... A maioria dos tons são amigáveis; as palavras são normalmente de compreensão, alívio de encontrar pessoas que passam o mesmo, de não se sentir sozinho, e outras coisas que fazem um grupo de apoio ser um grupo de apoio.
A pouco tempo entretanto venho percebido hostilidade quanto ao papel materno e não só no nível pessoal, como um Freudiano poderia argumentar, mas é muito mais com a ideia de maternidade. A ideia de que mães deveriam amar seus filhos incondicionalmente, e que mesmo sabendo que a realidade das coisas não é assim, dado aos nossos próprios relacionamentos de mãe e filho não serem perfeitos e nem de longe contemplem o ideal de mãe ideal, continuamos (nós em termo de grupo) afunilando muito para essas opiniões padronizadas acerca de como lidar quando pessoas são infelizes sendo mães.
Entendo de verdade, até porque também me senti (e ainda sinto, às vezes) um certo tipo de rejeição materna. Tem muitas pessoas que acreditam que os seus problemas e tristezas tem origem nas relações conturbadas de amor e ódio com suas mães, e posso entender porque isso acontece. Mas não posso deixar de pensar que  temos uma visão muito limitada por parte da psicologia com relação às obras de Freud e todas as outras vertentes e teses que não são bem aproveitadas. Por exemplo, falar que Freud dizia que boa parte dos traumas provém de sua relação controversa com a sua mãe, ou com seu pai, é ser demasiadamente limitado.
Aliás, embora temos muito o que aprender com convivência e conveniência com nossas mães, devemos também lembrar que a construção social é que dita que elas precisam ser assim e assado, que elas sofrem de problemas e que não são "fortes" como o imaginário geral prega, que não é porque muitas "se sacrificam a vida inteira pelos filhos" que todas fazem isso, e nem que deveriam fazê-lo;
Esquecemos de ver a problemática como um todo, ignoramos os fatos que dizem: família é composta de pessoas, logo, qualquer desconhecido na rua poderia ser parte da sua família e você não necessariamente reconheceria, a relação de amor vem muito mais da consciência de que se não cuidarmos de uma pessoa ela estará desprotegida, não tendo tanto a ver com sangue, e sim com convivência. E cada personalidade irá se chocar uma hora ou outra. É isso que acontece na maioria dos relacionamentos, e sua relação pais e filhos não vai ser perfeita só porque você idealiza amor incondicional e apoio mútuo. Não tente encontrar culpados sobre seus traumas, foi o que me disseram uma vez.
Mas voltando à questão que me deixou...
 Van Gogh

Ps. eu nunca concluí esse pensamento

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