Velórios

Resumo do post: Fale coisas boas, e que confortem os que ficaram. Ou fique em silêncio.
Eu costumava achar a morte muito engraçada, e depois de ler diversas crônicas sobre o assunto eu sempre costumo fazer correlação com o humor negro contido nelas, ou nem necessariamente é humor, mas uma coisa tão corriqueira e ainda assim tão absurda que nos perdemos com essas declarações.
Realmente é a estranheza e a complexidade do momento que faz com que as pessoas queiram ver algo de bom do momento, mas nem sempre as declarações são muito felizes. Eu sou adepta do silêncio, falar algo bom ou o último momento que tive com a pessoa querida falecida (e só se for querida, se não pode continuar em silêncio), o problema mesmo vem com os comentários pseudo engraçados.
Falar sobre a sua crença que é punitiva, que tem a concepção de inferno, de lugares ruins, de castigo eterno, principalmente quando você tem conhecimento do vasto histórico de erros e pecados da pessoa falecida não é bem aceito. Não fale.
Não entre numa conversa falando sobre como a vida é ruim, por mais que seja péssimo estar vivo, é nesses momentos que nós precisamos nos forçar a falar que a vida é boa. Mesmo que você não concorde.
Falar que a pessoa morreu por escolha própria também não é nada saudável e não vai confortar muito. Os amigos estão se sentindo mal, com mágoa, tristeza, raiva... um monte de sentimentos misturados, confusos e sem definição concreta. Tudo bem que se isso aconteceu, é escolha do próprio ser que faleceu, mas as verdades doem mais do que mentiras numa situação dessa. Não devemos tentar forçar um entendimento em momentos inoportunos.
Evidenciar os erros com o cuidado com a saúde do enlutado fazendo paralelo ao do cadáver, então... nem pense nisso. Chama energias ruins ainda por cima, parece que você agoura uma pessoa que já está sofrendo o suficiente.
É claro que as pessoas mais próximas, as pessoas mais abaladas estão mais propícias às gafes nessas crises, mas se você tiver um pouco de cabeça fria na hora, pense em como ajudar, pense nos sentimentos das outras pessoas, pense em empatia.
São ocasiões tristes como essa que trazem à tona muitas coisas, sentimentos e falta deles. É sempre bom tentar não gerar conflitos e mágoas desnecessárias, principalmente porque é nesses dias que mais se reúne familiares, às vezes aqueles que você nem conhece, então cordialidade e colo aos que precisam são definitivamente as coisas mais "suportivas" que se pode fazer.
*Esse texto provavelmente estará num livro que estou planejando a meses, mas esse post precisou ser feito agora, dada à experiência complexa que eu e a minha família passamos agora. Sinto que não consigo ajudá-los por falta de tato pra essas coisas. Mas é com felicidade que venho dizer que realmente não foram muitas vezes na minha vida que passei por isso, e com certeza não quero passar por muitas mais.

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