Indentidade e hibridismo | Manifesto

Essa é uma boa época para se cunhar os termos da nova Belle Époque (e porque eu sou bem versada em paralelismos).

Veja bem, estamos definitivamente em uma era de mudanças inimagináveis, Black Mirror está aí que não nos deixa mentir.
A uns anos atrás eu assisti um vídeo de um cara que eu admirava muito, artisticamente falando (porque né, qualquer homem que você admira é um perigo de gostar de uma "bruxa"), que é o  Gustavo Horn. Ele é/era uma puta produtor de conteúdo pra Youtube. Comparável à Shameless Maya e Felipe Castanhari (no nível técnico). Mas ele tem um vídeo especialmente em que ele fala sobre como estamos numa ótima época pra criar. Isso um pouco antes dele e a produtora dele serem assaltadas, ele parar com os vídeos e do nada o YouTube virar um antro de imbecilidade por diversos motivos.

Basicamente, o capital fodeu essa criação promissora de arte; Mas também entramos em outra época.

A identitária, e eu cunharei esse nome aqui como uma teoria.

Seja por afroconveniência, ou porque as pessoas realmente começaram a olhar pra si mesmas, ou por todas as discussões de movimentos por igualdade social que estamos vivendo e pipocaram ao redor do mundo nos últimos anos, agora estamos numa era de nos vermos, nos olharmos no espelho. É o tempo da selfie, do individualismo, do EU e do SER, e ser finalmente quem realmente se é. É o tempo do body positive, da resignificação de sexo, do amar a si mesmo antes de qualquer pessoa pra poder amar o próximo. Foi e está sendo o tempo de se proteger, de aumentar a auto estima além da expectativa do mercado, de olhar os "defeitos" e ver apenas o que te faz único, é tempo de amar os próprios pelos, de pintar a cor que quiser nos cabelos, e de ver a maquiagem como arte na pele, e não algo a fazer pra te fazer mais bonitx. É o tempo em que o sexo e a sua forma não é tão importante, e se for é apenas pra identificar padrões de comportamento que não nos cabem mais. Assim como as roupas, que agora não guardamos no fundo do armário por ter consciência de que nunca mais vamos caber nelas e tudo bem. Vai ter gente que modifique, reaproveite e repasse para o crescimento geral dos consumidores.
Enfim, estamos numa boa época pra se estar. Pra crescer. Pra se amar.

Principalmente se você for aquele que sempre disseram que você não valia o amor, aquele que a ti negaram a identidade. É época de resgatar tua ancestralidade e amar seus traços, teus detalhes, tuas dores.

E o hibridismo é uma ramificação disso.

E ficará mais óbvio com o tempo, mas a mesma globalização que nos deu a possibilidade de resgatarmos a nossa identidade, está mais que óbvio que não dá pra simplesmente dualizar e polarizar certas existências.
O não binarismo está aí e a gente vai ter que lidar com pessoas que não se identificam com nenhum dos dois gêneros.
A miscigenação, sendo forçada ou não (embora seja bom entrar nesse tópico, mas não agora), também entra na questão do "onde você se encaixa". Porque é óbvio que mesmo sendo considerados mais parecidos com uma das etnias, às vezes não somos só elas.
E com o resgate da ideia da identidade e da ancestralidade, precisamos pensar que somos filhos do hibridismo. De diversas misturas que não nos fazem iguais, e sim particularmente únicos;

E daí já prevejo muito descontentamento. Já prevejo confusão e também oportunismo.

Mas estamos aí pra conversarmos e nos descobrirmos como somos, como éramos, e como poderíamos ser. Pra só então criar o que seremos e saber o que queremos ser;

Créditos da imagem:
MOTHA

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