Por que você não dirige, mamãe?

Ainda algumas semanas atrás eu conversava com o pai de Anne no quanto ela tem uma sensibilidade (e uma total falta, ao mesmo tempo) de saber (e falar sobre na sua cara) de coisas que significam muito pra nós, os adultos que convivem com ela.
Normalmente são questionamentos banais, mas que doem um pouco na gente, sabe?!
Até hoje Anne fala de um único ex namorado meu, embora já tenha mais de dois anos que nem mais falava sobre.
Do mesmo jeito ela me lembra sempre do porque de eu não dirigir.
Embora eu já tenha explicado uma dezena de vezes que eu não dirijo carros por muitos motivos, e isso vai de questão eu não ter um carro, ou dinheiro pra conserto se eu me envolver em acidentes, outra é que eu sou péssima em situações de crise, outra hora porque eu odeio entrar em trânsito e o trânsito de Recife/Olinda é O TRÂNSITO; eu normalmente sou pega pela razão e pelas considerações sobre isso ao longo da minha vida.
Eu aprendi a dirigir com o meu pai quando eu tinha 19 pra 20 anos, em tese; depois de muito insistência da minha mãe, e depois, minha pra que ele me ensinasse ele me deu só as primeiras lições e ficou por isso mesmo, no final, eu perdi o medo só na autoescola mesmo.
A questão é que eu sou boa dirigindo. Sou calma, não me estresso, estaciono bem, dirijo com cuidados redobrados. Porém, extremamente local. Basicamente, eu nunca saio de Olinda e Paulista (as proximidades mesmo aqui de casa) e embora eu more num local grande em extensão, mas não em variedade de coisas pra se fazer eu normalmente tenho que sempre pegar ônibus. Anne não curte tanto, demora, e como eu disse, trânsito lasca a região metropolitana como um todo aqui por essas bandas mesmo na região mais privilegiada.
Eu sou de um bairro que não tem metrô, mas tem integrações bem próximas e ônibus pros mais diferentes roteiros, mas eles não suprem necessidades como ir com os meus avós e crianças todos juntos visitar nossa prima que está fazendo aniversário do outro lado do país Recife.
E foi o que eu precisei fazer quando eu tive um puta trauma com direção. Eu tinha uma tia que só fazia rir e não nos levava a canto nenhum, três crianças no banco de trás, tinha me perdido do carro que eu seguia num tráfego horrível e numas ruas que mesmo com google maps e andando eu me perderia. Rodei falando ao celular pra tentar me encontrar, mas quando passou mais de meia hora e eu não conseguia achar o meu tio no outro carro, eu simplesmente estacionei e travei. Fiquei lá pedindo pra ele vir buscar o carro. Final das contas, ninguém foi pro aniversário da minha prima, eu passei de ansiosa a em pânico, e depois deprimida numa experiência de 45 minutos e assim que cheguei em casa desabei em choro.
Nunca mais dirigi pra longe.
Peguei o carro depois de mais de quase um ano depois desse incidente. 
E ainda dói falar que eu amo dirigir, mas morro de medo de me frustrar como eu me frustrei comigo mesma naquele dia.
Então quando Anne me pergunta insistentemente porque cargas d'água eu não dirijo o carro da minha mãe, eu desconverso, mas lembro de tudo isso.

Uma das questões a se tratar em terapia, de fato.

Comentários

Postagens mais visitadas

Facebook