Quando o mundo te manda o que tu precisa ouvir
Aí, às vezes o universo é maravilhoso te dando respostas pra você repensar, certo?!
Sim, ele é.
Depois de um puta desgasto meu para com a internet em geral e um óbvio desânimo em escrever no blog depois de um acesso de culpa por ter escrito o texto Você é racista sim!, eu me fechei pra balanço. Balancear mesmo esse sentimento de raiva que eu não quero sentir por pessoas brancas. E as "pessoas brancas"que eu digo são bem recortadas, já que eu quase não as tenho em convívio, mas por aquelas que estão na mídia, aquelas que eu admiro o trabalho mesmo quando eu sei que existem milhas e milhas de distância da realidade delas para a minha.
Mas a questão toda é que depois dos pedidos de desculpas, como eu falei no último post (Revolta Cega), eu me senti uma pessoa ruim. Me senti uma inquisidora, papel esse que eu não aprecio em situação nenhuma. Eu julguei, e depois fiquei me julgando muito. E essa é a diferença, acho eu, entre pessoas que são privilegiadas e as pessoas que não são. As vozes do privilégio em si já são mais fortes, mais aceitas, mais sutilmente bem-quistas. Agradáveis.
Independente do que eu esteja falando, como eu esteja falando, as coisas vão ser ou ignoradas ou repelidas. É triste, mas é só o que eu vejo por aí. De posts, até conversas no twitter.
Não importa o que você está falando, e sim quem está falando e se você for da hierarquia alta você será ouvido, quando não, se você não for esculachado, as pessoa não irão nem sequer se dar ao trabalho de ler.
Mas fora essa tristeza dentro de mim, vamos ao que realmente importa. Por que eu estava me sentindo culpada por algo que eu escrevi num momento de raiva? Porque eu gosto do Luba. Ao contrário do caso da Malu Magalhães que eu não dou muito apreço pelo trabalho dela, até porque não acho que seja dela as decisões do clipe, e todo o B.O. que foi por conta daquilo. Pediu desculpas, e foi isso. Pra mim, acabou
Mas a polêmica com o Luba me pegou pela mão e me fez sentar e expressar que mesmo que eu olhe e veja inocência, e eu olho pra ele e vejo uma pessoa bonita não só por fora, mas por dentro também, ele não pode representar algo que eu admiro. Ele nunca poderia, ele não sabe o que é a vida de pessoas fora da bolha dele. Quando eu dei uma resposta ao twit, depois eu meio que me senti mal por colaborar a um "linchamento virtual" embora aquilo foi com toda a boa vontade de apenas expor que ele precisava ver as coisas de outro modo.
O modo como a maioria das pessoas do BR veem uma pessoa branca é quase como se estivessem testemunhando a vinda de um anjo à terra. E eu sou parte disso. Eu me senti condenando um anjo. Eu acredito na completa ignorância dele sobre assuntos que ele não vive. Depois do vídeo eu olhei e soltei "ah, deixa pra lá, ele não é um fofo?!" mentalmente. (VIDE: Vídeo do Luba)
Só que... é esse sentimento de passar a mão na cabeça das queridas pessoas brancas que deixa elas fazerem tudo e depois que pedirem desculpas vai ficar tudo bem. E isso me desanima. Me estraga, e estraga os outros. Estamos falando de vidas impactadas, certo?! Não é só um errinho bobo que vai passar assim que for esquecido. É um sintema que vai acumulando pequenos errinhos, de todos os lados e que acabam com a saúde mental de pessoas negras, acabam com a vida de pessoas não brancas.
Vamos brincar de não ser um porquê nessas ocasiões, não só quando a menina branca se matar porque treze pessoas não conseguiram ajudá-la?!
Vamos não ser um porque de minar a confiança de que o mundo será melhor, não só para as pessoas padrãozinho, em algum futuro?!
E aí, com a força divina Murilo do Muro Pequeno me manda um vídeo magnífico, explicando tintim por tintim, tudo o que eu penso e tudo que eu nunca poderia ter falado em 140 caracteres e um gif. São coisas altamente didáticas do qual eu vejo um puta trabalho em condensar tudo num vídeo de 17 minutos, e altamente didático. Ele pega pela mão e vai explicando as coisinhas minuciosamente, e com tom leve que eu nunca teria, e com um vocabulário riquíssimo que eu sei que eu nunca conseguiria articular numa situação dessa. Deu trabalho. Dá pra saber, porque parece estudado pra não mexer no vespeiro de pessoas igualmente presos nas suas bolhas e que como fãs do Luba, irão ao ataque com certeza. Murilo, todo o meu apoio. A primeira coisa que eu pensei quando eu vi a thumb no youtube e corri pra ver foi "essa bicha (maravilhosa) tem bolas"; expressão curiosa, e meio ridiculamente "macho-centrada", mas que encaixa bem na minha alusão aqui. Porque eu sei que eu não teria coragem de gravar um vídeo questionando as atitudes dele, principalmente depois do vídeo de desculpas. Não pra ter que ler os fãs, muito novos, falando absurdos. E eu admiro a coragem mais do que qualquer virtude na vida.
Esse vídeo foi pra mim a salvação do dia. Era exatamente o que eu precisava ouvir. E o que muitos precisam ouvir, mas principalmente o que o Luba precisava ouvir e que eu diria pra ele se fosse mais corajosa. Eu tenho certeza de que vai chegar aos corações de quem precisa ouvir também.
Meu amor aos dois.
Sim, ele é.
Depois de um puta desgasto meu para com a internet em geral e um óbvio desânimo em escrever no blog depois de um acesso de culpa por ter escrito o texto Você é racista sim!, eu me fechei pra balanço. Balancear mesmo esse sentimento de raiva que eu não quero sentir por pessoas brancas. E as "pessoas brancas"que eu digo são bem recortadas, já que eu quase não as tenho em convívio, mas por aquelas que estão na mídia, aquelas que eu admiro o trabalho mesmo quando eu sei que existem milhas e milhas de distância da realidade delas para a minha.
Mas a questão toda é que depois dos pedidos de desculpas, como eu falei no último post (Revolta Cega), eu me senti uma pessoa ruim. Me senti uma inquisidora, papel esse que eu não aprecio em situação nenhuma. Eu julguei, e depois fiquei me julgando muito. E essa é a diferença, acho eu, entre pessoas que são privilegiadas e as pessoas que não são. As vozes do privilégio em si já são mais fortes, mais aceitas, mais sutilmente bem-quistas. Agradáveis.
Independente do que eu esteja falando, como eu esteja falando, as coisas vão ser ou ignoradas ou repelidas. É triste, mas é só o que eu vejo por aí. De posts, até conversas no twitter.
Não importa o que você está falando, e sim quem está falando e se você for da hierarquia alta você será ouvido, quando não, se você não for esculachado, as pessoa não irão nem sequer se dar ao trabalho de ler.
Mas fora essa tristeza dentro de mim, vamos ao que realmente importa. Por que eu estava me sentindo culpada por algo que eu escrevi num momento de raiva? Porque eu gosto do Luba. Ao contrário do caso da Malu Magalhães que eu não dou muito apreço pelo trabalho dela, até porque não acho que seja dela as decisões do clipe, e todo o B.O. que foi por conta daquilo. Pediu desculpas, e foi isso. Pra mim, acabou
Mas a polêmica com o Luba me pegou pela mão e me fez sentar e expressar que mesmo que eu olhe e veja inocência, e eu olho pra ele e vejo uma pessoa bonita não só por fora, mas por dentro também, ele não pode representar algo que eu admiro. Ele nunca poderia, ele não sabe o que é a vida de pessoas fora da bolha dele. Quando eu dei uma resposta ao twit, depois eu meio que me senti mal por colaborar a um "linchamento virtual" embora aquilo foi com toda a boa vontade de apenas expor que ele precisava ver as coisas de outro modo.
O modo como a maioria das pessoas do BR veem uma pessoa branca é quase como se estivessem testemunhando a vinda de um anjo à terra. E eu sou parte disso. Eu me senti condenando um anjo. Eu acredito na completa ignorância dele sobre assuntos que ele não vive. Depois do vídeo eu olhei e soltei "ah, deixa pra lá, ele não é um fofo?!" mentalmente. (VIDE: Vídeo do Luba)
Só que... é esse sentimento de passar a mão na cabeça das queridas pessoas brancas que deixa elas fazerem tudo e depois que pedirem desculpas vai ficar tudo bem. E isso me desanima. Me estraga, e estraga os outros. Estamos falando de vidas impactadas, certo?! Não é só um errinho bobo que vai passar assim que for esquecido. É um sintema que vai acumulando pequenos errinhos, de todos os lados e que acabam com a saúde mental de pessoas negras, acabam com a vida de pessoas não brancas.
Vamos brincar de não ser um porquê nessas ocasiões, não só quando a menina branca se matar porque treze pessoas não conseguiram ajudá-la?!
Vamos não ser um porque de minar a confiança de que o mundo será melhor, não só para as pessoas padrãozinho, em algum futuro?!
E aí, com a força divina Murilo do Muro Pequeno me manda um vídeo magnífico, explicando tintim por tintim, tudo o que eu penso e tudo que eu nunca poderia ter falado em 140 caracteres e um gif. São coisas altamente didáticas do qual eu vejo um puta trabalho em condensar tudo num vídeo de 17 minutos, e altamente didático. Ele pega pela mão e vai explicando as coisinhas minuciosamente, e com tom leve que eu nunca teria, e com um vocabulário riquíssimo que eu sei que eu nunca conseguiria articular numa situação dessa. Deu trabalho. Dá pra saber, porque parece estudado pra não mexer no vespeiro de pessoas igualmente presos nas suas bolhas e que como fãs do Luba, irão ao ataque com certeza. Murilo, todo o meu apoio. A primeira coisa que eu pensei quando eu vi a thumb no youtube e corri pra ver foi "essa bicha (maravilhosa) tem bolas"; expressão curiosa, e meio ridiculamente "macho-centrada", mas que encaixa bem na minha alusão aqui. Porque eu sei que eu não teria coragem de gravar um vídeo questionando as atitudes dele, principalmente depois do vídeo de desculpas. Não pra ter que ler os fãs, muito novos, falando absurdos. E eu admiro a coragem mais do que qualquer virtude na vida.
Esse vídeo foi pra mim a salvação do dia. Era exatamente o que eu precisava ouvir. E o que muitos precisam ouvir, mas principalmente o que o Luba precisava ouvir e que eu diria pra ele se fosse mais corajosa. Eu tenho certeza de que vai chegar aos corações de quem precisa ouvir também.
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