Quem eu era aos 15

Resgatar as vozes. Como fazer isso?

Quando eu tinha poucos anos de vida, eu imaginava muitas histórias. Eram uma inserção tão grande sobre o que eu era e as poucas referências que eu tinha que eu me via em tudo e em nada. Dos 11 aos 17 havia uma pureza nas minhas histórias, nas minhas vozes, que não poderiam ser retornados. Depois de mãe, as vozes foram se tornando cochichos, sussurros longes, eu fui envelhecendo e ensurdecendo pra as vozes das minhas ficções.

Hoje eu tenho lembranças muito vazias dos meus personagens, eu sei de onde eles vieram, pra onde eles passearam enquanto eu crescia, mas eles não evoluíram comigo, foram ficando pra trás.

Eles vinham carregados de muita ingenuidade, muitos eram cópias que misturados com esse vácuo de experiências, se tornavam bem originais. Era uma mistura sem noção do que havia antes do antes.

Hoje por exemplo, eu vejo que a personagem que "minha" sogra, era baseada numa pessoa real, que nada tem a ver com a carrasca editora de revista da Maryl Streep em o Diabo Veste Prada.

Mas é claro que a Maryl Streep seria a base visual de algum personagem, é quase impossível não ser impactado com a presença dela no filme e isso estaria na minha memória por muito tempo. E durou, mas não o suficiente pra que ela ainda vivesse em mim quando eu finalmente ganhei confiança para escrever sua história. E nem era uma história, era uma um detalhe, uma parte da família.


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