Dez anos atrás, morria Amy Winehouse

 

Acho difícil explicar o que foi a febre Amy Winehouse na minha adolescência. Acho difícil de verdade.
Não é só o estilo que eu me apaixonei de primeira. Não foi ouvir Rehab e sentir o sentimento de sofrimento e violência mesmo sem saber inglês na época.

Eu tinha 14 anos, numas férias de verão, e aquele clipe mudou, não de modo positivo como Crazy in Love mudou. Foi impactante do mesmo modo, mas negativamente para a minha saúde mental. Mas não dá pra culpar a Amy por isso. Ela era a maior vítima da venda de sua imagem. Ela foi a maior prejudicada por isso. Morta por isso.

Se eu era muito nova para estar exposta a pressão estética que inevitavelmente chega para todas as mulheres, a Amy era muito despreparada para tanto sucesso. Sucesso este que bebia de seu sofrimento, de suas feridas, de seu descontrole.

Amy Winehouse nos ensinou muito em pouco tempo, mas uma coisa que deveria ter sido descutida desde o Kevin Fede-rline e Britney, ou mesmo Justin e Britney, era o quanto homens conseguem destruir mulheres brilhantes. Como um relacionamento com um homem errado pode acabar com o talento mais bem lapidado.

A Amy era muito tímida, muito surpresa com seu próprio sucesso. E muito infeliz com sua auto-imagem. Eu sei como é. É horrível não se ver. Fugir do espelho. Querer sumir do mundo e nunca mais ser encontrada. E vendo o documentário dela... era exatamente o que ela queria.




Em 2011, Amy veio ao Brasil fazer alguns dos últimos shows de sua carreira, e foi péssimo. Ela atrasou, estava bebendo umas e outras, caiu, mal cantou nas apresentações, e quando cantou sua voz parecia que estava demasiadamente arranhada. Sim, eu fui e não me arrependo. Conheci a Janelle Monae nese festival de Jazz. Mas não deixa de ser triste lembrar. Ela morreu cinto meses depois. Eu já estava grávida de Anne, mas não sabia. 











Essas são as fotos do show que eu fui no Recife, Centro de Convenções. Daquele momento, eu sabia que ela ia morrer. Ela não tinha controle algum sobre seu sistema motor. Eu chorei quando a vi não por emoção de ver meu maior ídolo (da época) mas sim, porque eu sabia que não ia demorar muito até ela desistir da vida. Eu escutei coisas horríveis das pessoas esperando o show começar. De que ela era uma 'porra louca', quando na verdade ela estava apenas sofrendo. Sofrendo com todos os olhos da mídia em cima. Não existe pior jeito de morrer. Com todos ao seu lado e só você se sentindo extremamente só.




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