Resiliência com resistência

"Vivo em um mundo onde resiliência é o bem mais almejado pelas pessoas. A população deseja ser mais forte que as adversidades, capaz de resistir a tristezas mundanas, quer poder não desabar em choro quando vê a miséria e dor alheia.
Definitivamente gostaria de ser mais capaz de não ceder a tristeza, mas não quero o tipo de resiliência que as pessoas pregam. Não quero não ser capaz da compaixão, da empatia. Estudando sobre isso estou vendo que existe diferença entre esses sentimentos, e como nos relacionamos com o "sentir pelo outro".
É importante saber o que é compaixão, algumas vezes pensamos que é pena, mas isso não é compaixão. Compaixão é o senso de preocupação, mas mais do que isso, é a noção clara de que todos os seres têm exatamente o mesmo direito à felicidade. Essa compreensão é que nos traz a compaixão.
Dalai Lama

A questão da piedade é que aparentemente é mais complexa. Sou dessas que sentem pena. Eu sofro muito, sempre sofri muito mais pelos outros, pelo que eu via de errado e que fazia outras pessoas sofrerem. Mas sempre me disseram o quanto eu era egoísta também. Será por isso? Porque eu transformo o sentimento alheio em meu também?
Eu não tenho nenhuma possível resposta pra isso. Ainda luto diariamente com a concepção de que eu não sou egoísta. Não posso tentar mudar sem acreditar que eu nunca fui. E eu sei que eu nunca tentei ser. Se eu sempre se centrei tanto no meu próprio mundo, na minha própria maneira de ver a vida, é definitivamente por ver tanta coisa injusta, e tanta maldade, e desespero.
É estranho pensar que isso é algo que eu penso desde sempre. Desde que eu comecei a imaginar, e fugir de mim mesma. Tá tudo errado. Por que ninguém nunca está feliz, por que as pessoas não são completas com o que tem?
E isso me fez pior a cada dia. Eu nunca estava aqui. Nunca no presente, nunca com as pessoas desse tempo.  Continuo, só que eu já estou completamente desgostosa por ter que voltar pra essa realidade.
Malditos mundos paralelos. E benditos, também. Eles me salvam na maior parte do tempo.
Mas é complicado de explicar, e é complicado pra mim entender como os acontecimentos se passam, pois nunca estão em ordem cronológica, está sempre mudando, nunca é uma constante. E isso também me destabiliza lá, como eu estou desestabilizada aqui.
O caso é que nunca fico neste mundo, no presente. Estou sempre indo e vindo, no passado e no futuro da minha mente. Raramente consigo estar no aqui e no agora. É uma maneira simples de explicar o quanto a minha depressão e a minha ansiedade me consomem em todos os níveis."
Escrevi isso a algumas semanas atrás. Hoje eu tive uma provação no que diz respeito à calma e amor ao próximo. E ainda não lidei muito bem com isso. A questão de não fazer atos de bondade quando você está com algum sentimento negativo é que nunca se para de pensar em como a situação poderia ter sido melhorada, e fazer isso causa arrependimento, e arrependimento é estar preso ao passado que não aconteceu. Ou seja: você foge do que se pode fazer no momento presente. Mesmo fazendo de tudo pra corrigir o momento, é aquele ditado martelando, "há três coisas que não voltam na vida: uma flecha atirada, a palavra dita e a oportunidade perdida".
Recriar o momento é possível, mas leva um tempo considerável, um tempo que eu não posso me dar ao luxo de me perder em arrependimento.
Eu continuo estudando sobre empatia e em como isso afeta a vida das pessoas de um modo geral, espero poder falar mais sobre isso em algum momento próximo. O que eu posso falar nesse momento, é que estou tentando crescer. Mesmo com a regência taurina, aliada à lua de peixes fazendo com que talvez eu me finque demais os pés nos meus sentimentos, com tendencia a me martirizar até por coisas que não tenho tanto controle.
O que eu quero fazer agora é escrever como eu me sinto, e eu me sinto cansada hoje.
Por diversos motivos me imponho sentir pelo outro e ao mesmo tempo ficar vendo as coisas sobre o meu ponto de vista. Quando estou em atrito com outra pessoa significa que estou em atrito comigo mesma, nem conseguindo seguir o que a outra pessoa quer por teimosia e nem seguindo livre o caminho que escolho por causa da empatia. "Eu estou sendo egoísta? Mas eu preciso focar no que eu quero certo?! Não é no que a outra pessoa quer... não é?!". Estranho lidar com isso no primeiro nível, que é o mais próximo do consciente. Imagina lidar com a eterna briga no mais interno nível.
"Era uma vez uma menina com muito potencial, tanto que assustou seus pais, que viram nela tanta confusão quanto poder. A garota foi trancada em um prédio alto, e não percebia que poderia descer quando ela quisesse, pois era uma deusa, e poderia modificar a realidade o quanto quisesse. Ela saiu em certo momento, e se tornou grande por uma especificidade muito poderosa, ela se tornou uma deusa da fertilidade por opção. Ela gastava muito tempo cuidando da irmã mais nova, mas acabou querendo algo dela, então escolheu um reprodutor e deu a luz a uma linda filha. Ela não contava que a irmã se apaixonaria pela pessoa que ela escolheu para reproduzir, achava que a irmã merecia alguém melhor, que lidasse melhor com a sua ingenuidade e beleza. Mas os acontecimentos ocorreram com ou sem sua aprovação, e eles por muito tempo viveram harmonicamente, até que um presente foi dado a essa deusa. Um menino, de origem não muito bem definida, caiu no meio do deserto, e uma mulher sábia o entregou à deusa. Ele tinha um problema de saúde que o impedia de sair, então ela preferiu deixar a vida do lado exterior da casa para cuidar e fazê-lo crescer, e deixou que o pai da sua primeira cria fosse ficando cada vez mais presente, para que pudesse estar com as duas crianças. Elas cresceram tão rápido, que em pouco tempo a deusa quis outro bebê, e esse ela quis criar sozinha, mas na hora do parto algo deu errado, e duas pessoas muito próximas da deusa a traíram e mandaram seu bebê para muito longe. Uma delas era uma amiga, a mulher que a trouxe aquele mundo. Não satisfeita com o que a realidade a havia trazido como nova realidade, uma que ela não aceitou como verdade e também não soube lidar, ela quis morrer. Mas não havia como, ela não havia encontrado a pessoa que faltava para que ela seguisse para outras existência. Então ela ficou muito doente, e seus filhos a puseram em um sono profundo, até que encontrassem a pessoa que faltava. Ela acordou no meio de uma guerra, seus filhos lutavam, e tudo estava estranho, nada mais era como era antes. A deusa fez com que a contenda parasse e reavaliou o que acontecia. Ela fora acordada pelas outras duas deusas, que há muito esperavam que ela encontrasse o seu parceiro e elas conseguissem seguir em frente. Então mostraram a ela quem ele era, mas ela relutou ainda por bastante tempo pois ainda sofria por ter perdido um bebê e se ressentia com as duas que haviam o escondido, embora nada pudesse fazer a elas. A deusa da fertilidade não conseguia seguir em frente desse episódio da sua vida, mesmo que a solução estivesse tão próxima, ela não podia ver, o filho estava muito próximo do homem que ela rejeitava. Ela teria que ter ajuda da deusa da guerra e do tempo para conseguir aceitar seu destino."

Engraçado, eu nunca saí dessa parte da história, e eu vejo toda ela desde muito tempo atrás (desde os 15 eu acho), mas sempre paro nesse momento. Ela encontra o homem do destino dela, e o bebê que estava perdido. E agora, o que acontece?
Muita verdade à na frase "não podemos ver além das decisões que não entendemos".

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