Sobre 2013 e o agora
Segunda feira, 18 de abril de 2016, dia de começar uma semana de boas energias, de produzir, estudar, aprender e interagir com um mundo maravilhoso. Mas essa segunda feira, isso aconteceu apenas em parte. Desde domingo eu não consigo me desligar do cenário político do país, tanto porque essa é minha natureza de querer saber tudo o que está acontecendo, desde o que passa no cinema até os novos lançamentos da informática, descobertas da ciência. Enfim, eu sou curiosa. Essa curiosidade combinadas com o senso de crítica e teimosia me fazem sofrer quando eu me ligo emocionalmente, ou seja, eu crio empatia com as pessoas, com os momentos, com o cenário que nem é o meu. Infelizmente, as coisas vão ficando mais difíceis a medida que eu estou crescendo como pessoa, que é, afinal, o meu objetivo.
Infelizmente porque além da minha teimosia natural, eu estou começando a sentir empatia pelo "outro lado", que não necessariamente é o "lado negro da força", mas em algum momento da vida, eu poderia até ter chamado assim. A noção de ter um inimigo palpável é confortadora, te dá uma linha reta para onde você deseja chegar, mas por outro lado, te cega para as outras tantas ameaças que te cercam, como provavelmente, você mesmo.
Em 2013, eu passei de total sofrimento com a minha vida, com meus problemas mundanos para me concentrei em tentar entender o que estava acontecendo com o país. Eu tive um vislumbre por um breve momento. Depois fui tragada pelo momento de "é agora". Foi um misto de raiva, indignação e até irracionalidade. Como eu tenho certeza que muitos estavam na mesma situação de conflito interno e expondo isso com ampla cobertura midiática. Mas a verdade é que 2013 foi o 2006 da Britney pra mim e pra muitas pessoas. Poderia ter sido muito construtivo se não fosse pelo total sofrimento interno que existia em nós. O momento para mudar, aprender, e saber que a gente tem poder pra mudar e não só sentar e chorar por não termos controle de nada nas nossas vidas.
A copa passou, uma boa parte das pessoas continuou sofrendo com seus problemas de corrupção internas, e eu, ainda que com certa relutância, justamente por ser teimosa, mas voltei para o hábito péssimo de falar frases feitas do tipo "brasileiro é assim mesmo", "o Brasil não tem jeito", "na Europa/EUA/Japão....". Até tenho um texto do tempo da, naquela época, possível reeleição da Dilma, e nem lembro onde eu postei, mas falava principalmente de uma situação de estar escutando alguém falar sobre política, e eu cansada de discutir, soltei um "é Brasil", só pra encerrar o assunto. Esse pensamento me deixou horrorizada comigo mesma por dias, principalmente porque eu não acredito que falar coisas assim vão ajudar, e principalmente porque o Brasil, pasmem, sou eu. É você, é a minha mãe, meu pai, seus pais, meus amigos, seus amigos. Ou seja, nada nem ninguém que nós não podemos mudar. Mas definitivamente eu estava com o cérebro cansado de discussões. E quando a mente cansa de combater, você se entrega a todo tipo de péssimos hábitos, que no final só me (te) causam culpa e desprezo por, mim (ou você) e pelos outros. Se não houver a movimentação para que se auto convencer que tem solução, nunca conseguirá sair desse ciclo vicioso.
“Um corpo só pode permanecer em movimento se existir uma força atuando sobre ele”. Bem, acreditava-se que só com diversas espetadas, os brasileiros reagissem, e isso aconteceu. Aristóteles formulou essa teoria, mas ignorou o poder do atrito, dando possibilidade para que Galileu o refutasse, evoluindo o conceito :“Se um corpo está em repouso ele irá permanecer neste estado até que uma força externa seja aplicada neste corpo”. A força externa foi quase inexplicável em 2013, Copa, fundamentalismo religioso, moradia, transporte, corrupção, até o preço do Kinder Ovo ou a necessidade de jovens de tirar selfie na passeata, e todas as pautas e reclamações, e tudo o que poderia e devia ter mudado. As mudanças foram impostas, todos fingiram acatar, e quando a poeira baixou, tudo virou caos.
“Se um corpo está em movimento uniforme este permanecerá em movimento até que uma força mude isso”. Continuando em Galileu, as coisas foram bem até que muita massa movimentada pela raiva, pelo ódio começou a sofrer antecipadamente, e comprometeu totalmente um movimento retilíneo que não foi uniforme. Embora todos quisessem mudança, se dividiram em tantos "macro pedaços" que chegamos em 2014 em uma prévia do que seria uma guerra civil. Digo prévia, porque é óbvio que isso não foi nem de longe tão grave. A eleição foi desproporcional ao que foi 2013? Não. As pessoas que acreditavam em mudança continuaram querendo mudança. Mas a técnica foi falha nos dois momentos, ambos fomentados por medo por pensarmos demais no futuro desconhecido e total desgraça que prevíamos, logo vimos e vivemos o ódio entre todos os "macro pedaços". Sofreram aqueles que dependem das "Bolsas" (e não é irrealidade agora), sofreram os que não precisam, todo mundo estava nesse sofrimento sem fim, e medo e desconfiança com o novo (que podia ser solução ou não) mas ao mesmo tempo não queriam algo tão diferente a ponto de não sabermos o que ia acontecer; Tentamos prever o futuro entre A e B, esquecemos outras opções e chegamos ao segundo turno divididos em dois.
Mas vamos avançar mais um pouco. Até Newton:
"Por inércia, um corpo em repouso tende a continuar em repouso. Por inércia, um corpo que está se movendo tende a continuar em movimento".
Juntando tudo, temos consciência de que não dá pra se acomodar e parar. O que acontece é que estamos ignorando certas leis da natureza. As pessoas que continuam em repouso precisam entrar em movimento, se não a força de atrito vai jogas as que já e ainda estão em movimento para um futuro não muito agradável, até que todos, tanto os corpos inertes e os em movimento parem totalmente, tanto quando o passeio de moto em que o freio foi acionado a uma certa velocidade joga o motorista para uma queda feia, com muito sangue e morte se a pessoa em movimento não estiver se protegendo.
E é basicamente como esse texto chega ao presente. Passei por um momento de estresse, você também passou, esse domingo foi uma amostra do quanto fomos incompetentes escolhendo governantes, tantos os de um lado quanto os do outro. Mas está tudo bem. Nós ainda somos 204 milhões de pessoas. E se conseguíssemos pensar como uma unidade, uma força. Brasileiros, sou eu, e a pessoa do meu lado. Não tem distinção. Nada vai fazer você ser menos brasileiro quando as coisas vão mal. Assumir a responsabilidade de manter os corpos em movimento.
Volta pra Newton:
Força é uma interação entre dois corpos. Pegamos esse conceito? Sim, embora de modo distinto, pegamos vias em que nos permitiram saber que o colega que compartilha de ideias e conceitos pode fazer as coisas andarem, irem a algum lugar.
"Aceleração faz com que o corpo altere a sua velocidade, quando uma força é aplicada." Sim, nós também percebemos que quanto mais a gente se movimenta, mais rápido as coisas acontecem.
"Deformação faz com que o corpo mude seu formato, quando sofre a ação de uma força." E chegamos ao que acontece hoje, com a deformação, ou seja, a mudança de paradigmas que podemos sim, fazer neste exato momento. Precisamos entender que a força está intimamente ligada a quanto que as ideias vão nos levar mais longe, mais aceleradamente, e de deformação do que vivemos todo esse tempo.
Eu entendo que somos crianças querendo a liberdade, ainda aprendendo a ver o mundo pelo modo mais lógico, e menos lúdico. Chegamos a uma adolescência de 516 aninhos, uma debutante que esperava o príncipe encantado chegar num cavalo branco que nos tiraria da torre (de impostos, de má administração, de péssima política social), mas infelizmente, quem está nos esperando são os lobos lá embaixo. Mas a gente que sair da torre mesmo sendo atacadas lá embaixo, precisamos pegar o que temos e lutar pra sair. Se a perna quebrada da queda ou as garras dos lobos irão nos matar é uma opção, mas não é certeza. Pega uma panela e tenta até a morte, para ter a chance de viver livre. Nem que a motivação seja a selfie no final do protesto.
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