Ser MÃE
O que é ser mãe? Às vezes me pergunto isso;
Na verdade, me pergunto o que é ser mãe na visão das outras pessoas.
Lembro que eu comecei a esboçar esse pensamento aqui: essa postagem depois de rever o vídeo da Elisabeth Badinter.
O que é ser mãe?
Eu lembro de que quando eu comecei a fazer esse post foi quando alguém em algum grupo mandou um vídeo de uma mãe falando que não queria ter sido mãe, que preferia ter feito outra coisa da vida dela naquele momento e, alguns anos atrás eu teria concordado com as pessoas que chamavam de egoísta. Hoje eu vejo o quanto há um medo de não ser verdadeiramente amado pela própria mãe atrapalha muito na nossa visão de como a maternidade funciona. Existe o "pensamento coletivo", do qual eu não acredito, mas muita gente sim, de que é instintivo uma mulher querer ter filhos, de que é natural que ela sacrifique sua vida pelas crias, e muitas histórias durante a nossa vida vão reforçando esse ideal de super-mãe. Desde comerciais até aqueles e-mails de powerpoint que eu recebia direto no início dos anos 2000. Está na Igreja, no Estado, nas leis, está em tudo, basicamente. Tudo diz que mulheres precisam ficar presas com suas crias, que mães sempre querem o melhor pros filhos, que nunca fariam mal a eles... Se você pensa que isso é verdade, olha em volta e vê o quanto disso é pura fantasia? É uma ilusão pensar que mães são esses seres mágicos, como fadas madrinhas, santas ou seres de puro amor. Todas somos humanas. Humanas com muitos defeitos, e mais ainda, eles são acentuados quando recebemos essa carga de peso, a cobrança, a expectativa, as críticas...
Não se engane. Não é a criança que ferra com a mãe. São os ideais de como ela deveria ser ou agir que fodem tudo.
Tudo bem, não é culpa dos filhos nem culpa das mães, é culpa de quem então, que não chegamos nesse nível de relacionamento familiar? Bem, de ninguém. Mas não quer dizer que não dê pra melhorar, que cada um não deva tentar melhorar.
É necessário que as pessoas reconheçam que pessoas não podem ser altruístas e bondosas, e perfeitas e lindas... e todo essa baboseira que toda mãe (ou pelo menos muitas) escutam dos comerciais e dos filhos, quando não precisamos ser. É pedir muito de uma mãe, de uma mulher só, que ela seja tudo, que ela seja super, quer ela se doe mais do que ela tem pra dar.
Depois que abandonamos a ideia de mãe ser isso ou aquilo, e principalmente entendemos que elas são pessoas que são sim, capazes de nos machucar, capazes de dar amor também, na mesma medida, acabamos com um ciclo de decepções que se arrasta por séculos durante a história, e décadas de terapia nas nossas vidas.
Basicamente, eu vejo um monte de gente que morre de medo de admitir tal coisa. Que a mãe pode sim não querer ter tido os filhos, que isso é sim uma reação natural... Afinal, quem quer ter filhos hoje em dia?! Sim, tem um monte de gente, eu sei, mas não deixa de ser algo comparável a se jogar de prédio alto sem muitos sistemas de segurança. Quem garante que o marido ainda vai estar lá, que o emprego vai continuar estável, que você vai ter dinheiro pra criar seu filho do jeito que você queria, que você vai ter ajuda da família, vai continuar tendo amigos e uma vida, vai continuar uma carreira, vai continuar se cuidando psicologicamente do mesmo jeito?! Sim, algumas pessoas querem isso, mas não pense que é uma decisão fácil. E é pior ainda quando não é uma decisão. É uma imposição.
Não estou dizendo que ser mãe não tem suas vantagens, suas felicidades. Ou que não haja amor, cuidado, carinho e afeto, e seja só obrigações. Não, é legal ser mãe sim, é bom cuidar de alguém. É bom criar rotinas, os abraços, o amor que cresce com a convivência. Mas, e bote muitos 'mas' aqui, venhamos e convenhamos não é felicidade todo o tempo, nem amor sempre, nem se doar pois somos boazinhas. Como diria RuPaul "Se você não se amar, como diabos vai amar outra pessoa?". E Deus sabe o quanto que essa pressão por amar incondicionalmente faz com que mães não se amem o suficiente. Sentiu o tal do ciclo?
A maternidade, o trabalho e o julgamento dos outros
Quando eu vejo uma propaganda que martela a minha mente "quem é que disse que tem regra pra ser mãe?" eu respondo: todo mundo. Todo mundo que morre de ansiedade sobre as próprias mães e quando vêem uma falando que não gostaria de ser mãe, se tornam completamente cegos por essa insegurança. Nossa, todos temos uma ideia de mãe perfeita que não e encaixa na realidade. Mas é uma fanfic. É coisa da nossa fantasia, e só.
Aí essas mesmas inseguranças vem com uma pergunta pronta na mente da pessoa: Mas no reino animal... insira aqui o que você acha que acontece.
Queridos, somos animais até certo ponto. E uma trigresa no meio da floresta não tem gente cobrando emprego, vida social, família, colegas e beleza dela.
Não. Não somos nada do que você pensa. Cada uma é uma. Somos diferentes, temos defeitos, não resolvemos tudo, não vamos lavar sua roupa pra sempre. Não somos obrigadas geneticamente a amar incondicionalmente. Isso é algo inventado pra que a gente se prenda a um ideal utópico. O amor é condicional igual a qualquer outra relação na vida de um ser humano.
Quero que as pessoas vejam o quanto é injusto que se considere mães tão onipotentes enquanto os pais, ah, tudo bem, tá de boa errar... se homem fosse mãe, essa história de cumprir papel seria diferente, e as cobranças não seriam as mesmas. Mulheres sofrem por serem mulheres, mães sofrem em dobro por ter que carregar os seus sofrimentos e o peso do futuro nas costas.
Sinto muito por ferir seus sentimentos, mas tudo isso é muito errado.
Na verdade, me pergunto o que é ser mãe na visão das outras pessoas.
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| Gustav Klimt |
O que é ser mãe?
Eu lembro de que quando eu comecei a fazer esse post foi quando alguém em algum grupo mandou um vídeo de uma mãe falando que não queria ter sido mãe, que preferia ter feito outra coisa da vida dela naquele momento e, alguns anos atrás eu teria concordado com as pessoas que chamavam de egoísta. Hoje eu vejo o quanto há um medo de não ser verdadeiramente amado pela própria mãe atrapalha muito na nossa visão de como a maternidade funciona. Existe o "pensamento coletivo", do qual eu não acredito, mas muita gente sim, de que é instintivo uma mulher querer ter filhos, de que é natural que ela sacrifique sua vida pelas crias, e muitas histórias durante a nossa vida vão reforçando esse ideal de super-mãe. Desde comerciais até aqueles e-mails de powerpoint que eu recebia direto no início dos anos 2000. Está na Igreja, no Estado, nas leis, está em tudo, basicamente. Tudo diz que mulheres precisam ficar presas com suas crias, que mães sempre querem o melhor pros filhos, que nunca fariam mal a eles... Se você pensa que isso é verdade, olha em volta e vê o quanto disso é pura fantasia? É uma ilusão pensar que mães são esses seres mágicos, como fadas madrinhas, santas ou seres de puro amor. Todas somos humanas. Humanas com muitos defeitos, e mais ainda, eles são acentuados quando recebemos essa carga de peso, a cobrança, a expectativa, as críticas...
Não se engane. Não é a criança que ferra com a mãe. São os ideais de como ela deveria ser ou agir que fodem tudo.
Tudo bem, não é culpa dos filhos nem culpa das mães, é culpa de quem então, que não chegamos nesse nível de relacionamento familiar? Bem, de ninguém. Mas não quer dizer que não dê pra melhorar, que cada um não deva tentar melhorar.
É necessário que as pessoas reconheçam que pessoas não podem ser altruístas e bondosas, e perfeitas e lindas... e todo essa baboseira que toda mãe (ou pelo menos muitas) escutam dos comerciais e dos filhos, quando não precisamos ser. É pedir muito de uma mãe, de uma mulher só, que ela seja tudo, que ela seja super, quer ela se doe mais do que ela tem pra dar.
Depois que abandonamos a ideia de mãe ser isso ou aquilo, e principalmente entendemos que elas são pessoas que são sim, capazes de nos machucar, capazes de dar amor também, na mesma medida, acabamos com um ciclo de decepções que se arrasta por séculos durante a história, e décadas de terapia nas nossas vidas.
Basicamente, eu vejo um monte de gente que morre de medo de admitir tal coisa. Que a mãe pode sim não querer ter tido os filhos, que isso é sim uma reação natural... Afinal, quem quer ter filhos hoje em dia?! Sim, tem um monte de gente, eu sei, mas não deixa de ser algo comparável a se jogar de prédio alto sem muitos sistemas de segurança. Quem garante que o marido ainda vai estar lá, que o emprego vai continuar estável, que você vai ter dinheiro pra criar seu filho do jeito que você queria, que você vai ter ajuda da família, vai continuar tendo amigos e uma vida, vai continuar uma carreira, vai continuar se cuidando psicologicamente do mesmo jeito?! Sim, algumas pessoas querem isso, mas não pense que é uma decisão fácil. E é pior ainda quando não é uma decisão. É uma imposição.
Não estou dizendo que ser mãe não tem suas vantagens, suas felicidades. Ou que não haja amor, cuidado, carinho e afeto, e seja só obrigações. Não, é legal ser mãe sim, é bom cuidar de alguém. É bom criar rotinas, os abraços, o amor que cresce com a convivência. Mas, e bote muitos 'mas' aqui, venhamos e convenhamos não é felicidade todo o tempo, nem amor sempre, nem se doar pois somos boazinhas. Como diria RuPaul "Se você não se amar, como diabos vai amar outra pessoa?". E Deus sabe o quanto que essa pressão por amar incondicionalmente faz com que mães não se amem o suficiente. Sentiu o tal do ciclo?
A maternidade, o trabalho e o julgamento dos outros
Quando eu vejo uma propaganda que martela a minha mente "quem é que disse que tem regra pra ser mãe?" eu respondo: todo mundo. Todo mundo que morre de ansiedade sobre as próprias mães e quando vêem uma falando que não gostaria de ser mãe, se tornam completamente cegos por essa insegurança. Nossa, todos temos uma ideia de mãe perfeita que não e encaixa na realidade. Mas é uma fanfic. É coisa da nossa fantasia, e só.
Aí essas mesmas inseguranças vem com uma pergunta pronta na mente da pessoa: Mas no reino animal... insira aqui o que você acha que acontece.
Queridos, somos animais até certo ponto. E uma trigresa no meio da floresta não tem gente cobrando emprego, vida social, família, colegas e beleza dela.
Não. Não somos nada do que você pensa. Cada uma é uma. Somos diferentes, temos defeitos, não resolvemos tudo, não vamos lavar sua roupa pra sempre. Não somos obrigadas geneticamente a amar incondicionalmente. Isso é algo inventado pra que a gente se prenda a um ideal utópico. O amor é condicional igual a qualquer outra relação na vida de um ser humano.
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| quando é que eu vou ser tudo isso?! |
Sinto muito por ferir seus sentimentos, mas tudo isso é muito errado.
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