Vovó Isaura

Minha avó passou por diversas dificuldades antes de viver plena na sua casa. Aos quase 90 anos agora, ela conta saudosa de como era quando ela morava em Água Fria, e foi morar na quarta etapa de Rio Doce.
“- to morando no interior!” dizia ela.
Em cima da hora chegava pois tudo era longe, e que na quarta etapa não tinha nada, e ela tinha que ir na segunda etapa, uma caminhada imensa por que não tinha nada por onde comprar feira nem nada. Diz que os ônibus quebravam muito, uns ônibus velhos, os que eram da marca Pedrosa , mas que depois que chegou a Nápoles e criaram o terminal de ônibus. Outra opção era os opcionais, com ar condicionado, mas esses eram mais caros.
Depois foi melhorando, e a quarta etapa foi melhorando até as coisas estão completamente diferentes.

Rua Elza, em águas frias

Minha avó tem muitas histórias da Rua Elza, em Águas Frias
Ela conta que Miguel Arraes que descobriu que era mentira que existia uma baronesa dona dos terrenos que mandava eles construírem apenas casas de “taipa”, e que tinha muitos bichos peçonhentos como piolho de cobra e “lacrau”, como chamavam os escorpiões, e que em uma ocasião foi mordida por um, e que o médico não acreditou que foi isso, “e me deu o remédio pra dor que eu já tomava pra enxaqueca.” “Matavamos os bichos com candieiros.”
“Nunca que aconteceu nada com os meninos, os quatro muito saudáveis. Quando os meninos nasceram já tinham paredes rebocadas.”

Rua 27

Quando morava na quarta etapa, perto da associação, não se lembra mais quando mas era pouco antes de aposentar.. A minha avó se aposentou com 51 anos, tinha trabalhado desde os 13 anos quando o pai morreu e deixou ela e os dois irmãos com uma mãe que nunca tinha trabalhado fora de casa. Ela começou bem cedo a pegar no pesado pra sustentar os irmãos, mas também se aposentou cedo Ela diz que sempre foi chorona. Que quando começou a trabalhar, aos 13 anos pois o pai tinha morrido, enfrentou muitas dificuldades. Diz que sempre foi muito “luxenta”, e mesmo aceitando ajuda das vizinhas tinha nojo da comida que uma delas lhe fazia porque a velha tinha “um gogo triste”, e que preferia fazer “garapa” a comer do feijão da senhorinha, mas que Lurdes, a irmã mais nova, comia pelas duas. Mas que na rua 27 ela já era casada com meu avô que tinha um jipe antes de comprar um carro de táxi. Dos filhos, o que mais vadiava era meu tio Valdir, e foi uma surpresa quando ele passou no concurso da polícia.



Enfim, minha avó me conta várias histórias do tempo dela e me enche de alegria até hoje com suas memórias, ela gosta de falar de como eram as coisas no tempo em que ela era jovem. Principalmente do tempo que o meu avô era vivo e estava na vida dela.
Minha avó, que no momento em que percebeu que o amor acabara teve coragem de se separar, e se separou sem culpa pois tinha trabalhado a vida inteira e não precisava de homem pra sustentá-la. Acho que ela ficaria feliz pelo meu auto retrato seja baseado  nessa força que eu vi nela. Nele eu seguro um buque de casamento e grito pra ele em protesto à instituição do casamento.
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A segunda pintura foi baseada na minha filha e em como eu vejo as cores com ela, coisa que a minha avó diria o mesmo sobre ela:
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A terceira imagem foi mais

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