Don't be normal.
Às vezes eu me pego tentando ser o máximo normal possível. E é complicado, porque eu não fui normal a maior parte da minha longa vida de 21 anos. Eu tive depressão. Toda a minha adolescência. E tomei medicamentos. E tive algumas fases suicidas. E eu nunca pensei que eu conseguiria escrever isso assim, tão simplesmente em uma postagem de blog. Foi uma época dolorosa. Mas a verdade é que eu às vezes sinto saudade dela. Não da dor, embora ela seja viciante. É que as coisas eram mais simples; Se eu estava deprimida eu pensava em me matar. E tentei algumas vezes. Sem sucesso. A verdade é que eu adorava a ideia de ter uma escapatória... sabe, de todo o sofrimento que eu não sabia de onde vinha, mas estava lá todos os dias, infernizando a minha vida e das pessoas que conviviam comigo. Pra compensar o fato de que eu não morria, não importava o quanto eu pensasse ou desejasse isso, eu bebia e me relacionava com pessoas que eram tão complicadas quanto eu. Uma delas teve coragem. Se matou. Eu estava no final do meu tratamento e já me sentia melhor. Mas esse suicídio me fez pensar que eu não conseguiria causar o sofrimento que eu vi e senti no dia do velório e enterro. Eu não chorei. Pelo menos não de verdade. Fiquei em choque por pelo menos uma semana. Talvez aos 17 anos eu pensasse que isso não acontecesse de verdade. Que os pais e amigos conseguiriam salvar todas as pessoas que como eu, pensavam na possibilidade do suicídio, mas desistiam. Depois de uma semana chorei por horas. Não era por ela, embora ela fosse uma pessoa especial e merecesse ter sido mais feliz pelos anos que a vida teria proporcionado a ela, se ela tivesse permitido. Não. Chorei porque ela era livre. E eu não. Eu cheguei a conclusão de que o sofrimento que ela causou, e que eu causaria com um suicídio não valia a pena; De qualquer jeito, a morte dela arruinou meus planos de fuga. E eu não queria parecer insensível, mas é que eu realmente acho que ela teve mais sorte do que eu. Ela não está aqui pra sentir falta de si mesma. Ou pena. Ela só teve coragem de deixar todo mundo e fugiu.
Escrevo esse texto em no dia 05 de maio de 2015; Não sei quando terei coragem de mostrar isso ao mundo.
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