Perdemos o rumo em 2k17

Estava aqui tentando parar de ler tanto mangá, sem sucesso. Acho que eu já li todos os yaois possíveis. Os que eu encontro sentido é raridade, mas o pior são as histórias que se perdem ao longo das publicações.

Parece que ando me decepcionando muito com o rumo que as coisas vão indo.
Não só nos mangás que eu costumava amar e dedicar muito do meu tempo. São livros, filmes, séries, ...um ano, um projeto, um relacionamento. Tudo começa parecendo brilhante, premissas interessantes, um olhar inovador e refrescante. Aí do meio pro final vai ficando cada vez mais sem sentido e você vai continuando só pra ter a satisfação de terminar, mas sabe que aquilo não foi bom quanto prometia que seria.
As expectativas aqui não são o problema principal.
Você obviamente começa uma coisa incrível e espera que o final também seja.
A minha dúvida é: O que acontece no meio do processo que desanda as coisas?
Como sempre os primeiros capítulos dos mangás sempre parecem tão promissores
Porque o começo de Mulher Maravilha é tão foda e o final tão merda?
O que fazer quando a sua série de livros favorito chega num ponto em que tudo é repetitivo?
Como foi que 2017 acabou tão descabido?

Acontece algo. O 'entre' as coisas dá um nó;

O começo do ano foi bem eufórico, todos os dias uma descoberta nova sobre como estudar e me adaptar ao novo cenário. Foi estranho, porque eu sempre me achei a mais out em todos os grupos, aquela que fica falando de masturbação e sobre relacionamento aberto todo o tempo, e de uma hora pra outra, eu virei mais uma na multidão. É o que acontece quando você vai parar num curso de artes. Eu me senti bem, num ambiente acolhedor, mas também esquisita pois eu não era "a única". Minha síndrome de floquinho de neve foi minguada.
Além do desespero por notas altas, que me fizeram ver o quanto eu era cdf pra burro. Uma cdf disfarçada de descolada. Eu meio que voltei à minha fase Hermione Granger esse ano. Foi foda, porque eu achava sempre que estava me esforçando demais mas tendo pouco a extrair de mim.
Eu passei boa parte do ano passado preocupada em entrar em dois cursos. Não deu certo nenhuma das duas vezes. Eu esperei que eu conseguisse entrar no bacharelado de filosofia, mas minha nota só foi boa pra entrar na lista de espera e morrer lá. Eu fiquei altamente frustrada, mas depois de um tempo e de ver que eu realmente queria me dar bem no curso de artes, eu me foquei nele e esqueci essa dorzinha da rejeição acadêmica.
Mais tarde, abriu vagas para ensino à distância de Artes visuais com ênfase em arte digital. Eu também passei, mas acabei não indo fazer a inscrição e deixando pra fazer isso, talvez, esse ano, me deixando um enorme vácuo. Eu sabia que não era possível fazer qualquer coisa no estilo de vida que eu estava vivendo: as brigas com a minha mãe, eu estava fazendo um monte de coisas no curso, Anne começou a ir pro hotelzinho e passar o dia todo fora quando a minha mãe se mudou e eu fiquei "sozinha".
 Mais uma coisa aconteceu, eu briguei com alguns familiares. "Descobri" a vertente fascista da minha família, e fiquei bem mal com isso. Fora a falta d'água. Já estava a meses assim e ainda não tem previsão de melhora. Também afetou a vindas da minhas amigas pra cá e o quanto eu nunca pensei bem no sofrimento que é não ter água encanada por longos períodos de tempo.
Eu me senti só o Capheus na última temporada de Sense8.


Que teve seu fim. Fiquei tão abalada com o término dessa séries que nem pra escrever meu sofrimento tive vontade. Mais um desapontamento do último ano. E a prova de que quando você tenta fazer algo incrível, no meio alguém se incomoda em quebrar suas pernas.
Nem Game of Thrones me animou, essa última temporada foi tão anticlimática que eu nem terminei as resenhas das maratonas que fiz.


As coisas foram se acumulando, sabe?!

Setembro está creditado como o mês de maior crescimento desse blog, e eu estava indo tão bem com as resenhas e falando sobre a Beyoncé (tenho um post gigante sobre ela que eu nunca terminei)...
Mas aí uma coisa me puxou muito pra baixo. Muito mesmo.

Eu felizmente e infelizmente entrei muito nos debates raciais que vêm cada vez mais acirrados. Willian Wack não está mais aí, e como é irônico ter que agradecer à empresa que o protegeu até onde deu por essa decisão.
Se por um lado eu conheci pessoas que muito me ajudaram a entender e ver com clareza certas coisas, eu conheci e vi muita gente se negar completamente a escutar o outro.
E isso de diversas maneiras em diversas situações.

E eu fiz o mesmo que essas pessoas, porque fiquei cansada no meio do caminho.
Cansei de falar com pessoas em geral, já que na maioria das vezes, elas não vão escutar.
E isso me lembra o último natal na casa do meu padrinho.
Nesse dia tivemos discussões memoráveis sobre o quanto o machismo está tão entranhado da mente dos meus tios e primos, e validados pela minha avó, que eles não percebiam que defendiam estupradores mesmo dizendo abertamente que querem a morte deles.

Eu não comemorei o natal com a minha família esse ano. Eu adoeci, E de algum jeito, parece que todo mundo ficou aliviado com isso. A minha febre se tornou um refúgio tão gostoso e uma desculpa perfeita pra eu ficar sozinha, julgando os outros sem precisar nem falar com eles, é a mais pura comprovação de como eu sou uma pessoa infantil pra caralho, assim como todo mundo.
Lembro de dois anos atrás ter pensado que toda a luta vale a pena.
Ainda penso que sim, resistir é o que me move, o que me motiva, mas é que eu cheguei a um ponto da minha vida que isso tinha que sair do papel, sair do teórico. E eu não consegui.
As reações físicas dadas ao stress de ter que sempre repetir a mesma coisa sem a outra pessoa nunca entender me deixou doente, exausta e incrivelmente mais chorona que o normal. Nem sou de chorar muito, mas esse ano eu chorei muito, e eram choros de frustração. Essa é a palavra que define minhas dores em 2017.
Em 2016 foi arrependimento
E em 2015 foi dependência....

E não foi apenas emocional. Ou apenas pessoal.
Todos ao meu redor estão cansados e ficaram extremamente cansados nos dois últimos meses de 2017.

As pessoas já começaram esse ano exaustas.

No meu macro-círculo isso se materializa com a falta d'água intermitente. Todos as conversas culminam inevitavelmente a não ter água na torneira.

2018 está se mostrando o que basicamente irá ser:
Uma onda de água fria que se não nos matar, nos deixará em coma até o sol chegar.


Post terminado em agradecimento à Emma Watson ao apresentar um livro que deve ser maravilhoso  (Why I'm no longer talking to white people about race, da Reni Eddo-Lodge/ Porque eu não falo mais sobre raça com pessoas brancas em tradução livre) mas que as pessoas só conseguiram ver a nova franjinha dela.



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