Precisamos falar sobre: violência contra a mulher.
Olá. Esse é um texto pra você que não acredita na violência contra a mulher. Pra você que acha que é mimimi de feministas, pra você que sempre compara o número de casos de violência entre homens e mulheres, ressaltando que homens são mais ou tão vítimas quanto, mas sem levar em conta a motivação dos crimes e quem os causa.
Isso é pra quem reclamou do tema do ENEM.
Isso é pra quem não soube interpretar Simone de Beauvoir, mas que a julgou e/ou errou a questão por preconceito. Se você é esse tipo de pessoa convido a ler esse texto:
Sabe, quando se é criada uma lei como a Maria da Penha não é só porque uma, duas, três mulheres morreram pela mão do seu companheiro. Foi porque chegou a um nível, a um número tão elevado de casos não só de morte, agressões, estupros, assédio, agressão verbal, etc. sendo praticada pelas pessoas mais próximas, pelas pessoas que deveriam amar e proteger essas mulheres, que deixou (finalmente) de ser um simples problema polícia ou considerado "um problema de família". Esse é também um dos principais problemas, fazer as pessoas pararem de pensar que problemas de casa ficam em casa. É, e sempre foi um problema social. Violência contra mulheres é algo tão comum que se precisa de conscientização, de campanhas, de hashtags... Isso é podre. No mínimo é querer tapar o sol com a peneira, e no máximo, as pessoas são cruéis a ponto de não se importarem.
Sabe, eu nasci pensando que isso não existia. E cresci pensando isso. Quando me deparei com essa realidade eu tentei pensar que isso não acontecia próximo a mim, mas acontecia de vez em quando. Eu escutava as histórias da minha avó, das minhas tias... comecei a achar comum depois de um tempo. Condenável, mas ainda assim comum. E o pior de quando você acha algo comum, é você achar que isso é normal. Sim, é algo que acontece muito, mas não deveria acontecer. Então quando escutamos alguma história de violência não devermos fazer apenas aquela cara de pena, e pensar "a vida é assim mesmo". Temos que denunciar.
Escutei essas últimas semanas alguns casos de violência, histórias de vizinhos. Infelizmente falamos de casos em que as próprias agredidas retiram a queixa dos maridos, o que na minha opinião deveria ser proibido. Também essa semana li no jornal um caso de uma mulher assassinada, que já tinha pago duas vezes para o marido ser solto, uma delas por agressões a ela mesma. Às vezes conhecemos pessoas que não querem de jeito nenhum fazer esses homens pagarem pelo que fazem, e são essas que deveríamos amar mais e não sentir raiva ou lavar nossas mãos. Porque mais do que medo, eu imagino, há muito do medo de estar só.
Quando eu vejo um caso desse tipo, em que a vítima não só ainda está com o agressor, como ainda o defende, eu vejo uma mulher com sérios problemas de auto-estima, eu vejo alguém que aprendeu que tudo no relacionamento é aceitável quando se há "amor" ou "família". Antigamente se dizia muito sobre as complicações de uma separação, como onde ir, como criar os filhos, como estar solteira em uma época em que não se existia nenhum respeito por mulheres separadas. Hoje não existe tanto essa preocupação, mas existe um medo exagerado de não haver mais felicidade sem aquela pessoa. Porque essas pessoas não tem parâmetros pra comparar um relacionamento saudável. Porque aprendem desde cedo que apanhar e ser castigada é um ato de amor. Que não compreende que isso é uma construção de sua personalidade que vem desde a criação de seus pais, o ambiente em que viveu e como ela vê o mundo de forma distorcida e triste.
Precisamos parar de pensar nisso como um caso de "covardia", e ver o quanto do que ensinamos às crianças afeta nossas adultas. E como o machismo se torna algo tão internalizado, que mesmo quando sabemos dos nossos direitos, nos sentimos fracas quando nos deparamos com a realidade de um relacionamento tóxico. E precisamos muito mais ficarmos alarmadas que ainda hoje temos pensamentos tão obscuros em nossas mentes, em nossa sociedade. Nunca internalizar, nunca tratarmos isso como normal. Nunca inocentar quem é culpado, nunca baixar a cabeça. Nunca culpar a vítima;
Enfim, entre tantos assuntos que o feminismo trata, esse é o mais visível.
Isso é pra quem reclamou do tema do ENEM.
Isso é pra quem não soube interpretar Simone de Beauvoir, mas que a julgou e/ou errou a questão por preconceito. Se você é esse tipo de pessoa convido a ler esse texto:
O ódio a Simone de Beauvoir no Enem é uma prova de que ela está certaEu ainda me questiono o que danado tem na cabeça de pessoas que mesmo com todas as informações do mundo, não "acreditem" na veracidade das pesquisas, nas campanhas de conscientização, nos milhares de informativos nos jornais impressos e televisivos. Na lei...
Sabe, quando se é criada uma lei como a Maria da Penha não é só porque uma, duas, três mulheres morreram pela mão do seu companheiro. Foi porque chegou a um nível, a um número tão elevado de casos não só de morte, agressões, estupros, assédio, agressão verbal, etc. sendo praticada pelas pessoas mais próximas, pelas pessoas que deveriam amar e proteger essas mulheres, que deixou (finalmente) de ser um simples problema polícia ou considerado "um problema de família". Esse é também um dos principais problemas, fazer as pessoas pararem de pensar que problemas de casa ficam em casa. É, e sempre foi um problema social. Violência contra mulheres é algo tão comum que se precisa de conscientização, de campanhas, de hashtags... Isso é podre. No mínimo é querer tapar o sol com a peneira, e no máximo, as pessoas são cruéis a ponto de não se importarem.
Escutei essas últimas semanas alguns casos de violência, histórias de vizinhos. Infelizmente falamos de casos em que as próprias agredidas retiram a queixa dos maridos, o que na minha opinião deveria ser proibido. Também essa semana li no jornal um caso de uma mulher assassinada, que já tinha pago duas vezes para o marido ser solto, uma delas por agressões a ela mesma. Às vezes conhecemos pessoas que não querem de jeito nenhum fazer esses homens pagarem pelo que fazem, e são essas que deveríamos amar mais e não sentir raiva ou lavar nossas mãos. Porque mais do que medo, eu imagino, há muito do medo de estar só.
Quando eu vejo um caso desse tipo, em que a vítima não só ainda está com o agressor, como ainda o defende, eu vejo uma mulher com sérios problemas de auto-estima, eu vejo alguém que aprendeu que tudo no relacionamento é aceitável quando se há "amor" ou "família". Antigamente se dizia muito sobre as complicações de uma separação, como onde ir, como criar os filhos, como estar solteira em uma época em que não se existia nenhum respeito por mulheres separadas. Hoje não existe tanto essa preocupação, mas existe um medo exagerado de não haver mais felicidade sem aquela pessoa. Porque essas pessoas não tem parâmetros pra comparar um relacionamento saudável. Porque aprendem desde cedo que apanhar e ser castigada é um ato de amor. Que não compreende que isso é uma construção de sua personalidade que vem desde a criação de seus pais, o ambiente em que viveu e como ela vê o mundo de forma distorcida e triste.
Precisamos parar de pensar nisso como um caso de "covardia", e ver o quanto do que ensinamos às crianças afeta nossas adultas. E como o machismo se torna algo tão internalizado, que mesmo quando sabemos dos nossos direitos, nos sentimos fracas quando nos deparamos com a realidade de um relacionamento tóxico. E precisamos muito mais ficarmos alarmadas que ainda hoje temos pensamentos tão obscuros em nossas mentes, em nossa sociedade. Nunca internalizar, nunca tratarmos isso como normal. Nunca inocentar quem é culpado, nunca baixar a cabeça. Nunca culpar a vítima;
Enfim, entre tantos assuntos que o feminismo trata, esse é o mais visível.
Comentários