Precisamos falar mais sobre violência doméstica.
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Ás vezes só uma conversa sem julgamento poderia resolver a questão. Falando sobre uma coisa quase impossível de se ver por aí, a chamada sororidade. Mas frequentemente chamamos essas mulheres que são vítimas de violência de safada, de biscate, de burra... Minha avó apanhou, muitas avós e muitas mães apanharam nessa vida repleta de machismo, e muitas vezes são chamadas de heroínas pois criaram os filhos, por não terem os abandonado com o marido violento... Porque uma mulher sem filhos teria menos valor do que as tantas que ficaram por dificuldades financeiras/por amor à família? Seria tão impossível amar quem nos machuca? Não é. Vejo muita gente gamando apenas pelos caras que menos lhes dão atenção; Isso pra mim é reflexo de uma má relação entre os pais e a criança na fase que esta está descobrindo como é a relação entre confiança e amor. Amor não é só ficar de abracinhos e beijos. É saber que a criança assimila quando dizem "te bato por que te amo"; É saber também que esse tipo de comportamento também cria os futuros agressores. Tanto faz se a pessoa que ela vai se tornar irá ser agressiva ou passiva diante de agressões físicas e psicológicas. Fazer disso algo natural desde a infância é algo muito nocivo. É por isso que quando eu ouço mulheres em locais públicos, concordando com uma surra que a outra deu na filha por um motivo tão torpe quando uma conversa no celular (como eu ouvi à algumas semanas atrás), na maior naturalidade, como se isso não fosse crime, como se ela não pudesse ter conversado civilizadamente com a garota, como se ela não tivesse capacidade alguma de saber que filhos são cidadãos como qualquer outros e que ela estava acabando com o respeito e criando medo... eu quero desesperadamente que essas pessoas parassem de achar que estão certas. Queria que elas ao invés de falar que as mulheres que apanham hoje são safadas, escutassem o que elas tem a dizer sobre como ela aprendeu a ser amada apanhando;
Desabafo pois me deixa perturbada todas as vezes que eu preciso prestar atenção a essa realidade.
Isso foi escrito ontem (21 de novembro), na sexta feira foi dia da consciência negra. Me pergunto se fosse uma pessoa branca, com todas as marcas roxas à mostra ela não teria mais apoio e ajuda do que enquanto essa mulher negra não recebe. Não dá pra ver as manchas. O quanto disso está ligado à auto flagelo e à falta de auto estima da mulher negra? E quanto mais disso é ligado à certeza que encontramos nessa sociedade de que ela será mais escurraçada do que protegida numa delegacia pra prestar queixa?
Comentários
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Abraço
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não, eu sou de Olinda/PE, mas uma coisa que eu aprendi lendo sobre feminismo e falando sobre machismo, é que isso acontece em todo lugar. Parece um filme de terror, depois contarei uma história sobre isso no blog. Espero que você leia quando eu postar.
Ingrid Caroline,
não acho que seja a mesma coisa entre mulheres negras e brancas. Embora eu seja contra a separação, seccionar o feminismo é algo necessário às vezes. Por exemplo, é claro que a violência para com as mulheres brancas não deve ser menosprezado, mas é sabido que afeta muito mais as mulheres negras por outras questões sociais. Não é questão de que um sofre mais ou não, é só que eu não teria escutado um comentário como: "Se ela fosse branquinha como a gente, você veria marcas pelo corpo dela todo dia." E olhe que eu nem branca sou. Mas concordo que combater isso de um jeito ou de outro é a maneira de que isso não ocorra mais. Mas eu preferiria que houvesse uma similaridade entre a autoestima entre mulheres brancas e negras, já que esse era o assunto que eu estou abordando nesse post. Obs: Discordo que a legislação seja ineficaz, o que é ineficaz é o sistema de monitoramento e o cumprimento da lei.
Tony Lucas,
obrigada!