Minha busca

(A partir dessa postagem, essas foram as postagens de um blog do Wordspress que eu escrevia mas decidi juntar com as postagens do Blogger. )
Acabei de finalizar um blog em que eu estava apenas acumulando coisas, sentimentos, imagens.
Eu decidi tirar esse ano para organizar a minha vida. Eu decidi que eu quero uma vida muito mais simples. Muito menos problemática, como ela tem sido até agora. Então eu quero compartilhar a minha vida em forma de escrita porque é algo que eu sempre quis fazer. Mas antes de mais nada, eu preciso saber como sair da vida que eu estou agora.
Vamos começar pelo começo.
Pelo menos o começo desse ano, e depois eu vou voltando para dar um contexto.
2016 começou com as grandes resoluções da minha vida bem preparada e fixa na minha cabeça. Eu queria estudar, começar meu curso de Artes Visuais no Instituto Federal do meu estado, no meio do ano. Terminar o curso de inglês e ser uma mãe melhor para a minha filha. Também tinha posto uma ideia de que eu iria passar no vestibular e terminar a faculdade no curso de bacharelado em filosofia.
Acabei não tendo os resultados esperados, meu curso de inglês não começou no tempo em que eu esperava, o curso técnico só começa no ano que vem e minha vida parece ter estacionado em local proibido. Daí eu comecei a perder a cabeça com arrependimentos e no passado, ao invés de focar em outras possibilidades para o futuro.
Eu tinha acabado de abandonar um emprego, e por muitos considerado 'um bom emprego' numa empresa que me daria certas facilidades, na área que eu tinha escolhido estudar por dois anos, mas eu não estava feliz. Não importava quanto dinheiro eu gastasse comigo, e praticamente apenas comigo, não compensava o tempo que eu considerava estar perdendo. Eu voltava pra casa moída depois de horas no transito, eu não via sentido em estar trabalhando, eu queria tempo pra me dedicar a estudar, me dedicar ás pessoas ao meu redor, queria suportar ficar próxima a minha filha pensar querer estar fazendo outra coisa.
Eu me pegava fantasiando ser atropelada, ou descobrir algum câncer e decidir não me tratar. Eu estava sem nenhuma motivação. Mas eu não estava realmente infeliz pelo trabalho em si. Eu gostava de fazer algo, de acordar de manhã e ter o que fazer, das pessoas que eu conheci, do conhecimento que eu adquiri. Eu só sentia que isso não valia a pena, que no final, a minha vida não deveria ser essa, que eu estava acabando com o meu potencial para outras coisas.
E pra finalizar o fim do ano passado eu tinha acabado um 'relacionamento'. Um namoro rápido que me fez ver o quanto eu estava procurando fora o que eu deveria ter dentro. Dentro de mim, dentro da minha casa, da minha vida. O que me paralisou um pouco, porque era isso o que estava me fazendo sentir feliz naquele momento, e foi tirado bem dolorosamente e de uma maneira que fez com que eu me sentisse péssima comigo mesma. Isso associado a uma já falta de controle emocional, episódios de raiva, apreensão e medo exagerados, um histórico de términos que sempre me deixam muito mal, eu deveria estar já preparada pra lidar com a série de problemas que vem após algo desse tipo, mas eu não estava.
Eu só via o quanto eu precisava de um namorado pra estar bem, e o quanto eu tinha arruinado minha vida até o momento, tendo filho antes da hora, não tendo uma carreira a trilhar, tendo largado uma faculdade mesmo sabendo que eu não queria aquela carreira, até de fazer o curso técnico que me possibilitou o emprego, mas que no final também não me satisfez, não tendo nada além de bagunça na minha vida, sem rumo, e sem me sentir amada. Porque entre tantas coisas que estavam acontecendo na minha vida, eu não achava capacidade de confiar em ninguém. E ainda estou tentando derrubar essa barreira na minha vida, porque nem quando eu realmente comecei a afundar depois de todos esses acontecimentos, eu nem queria me abrir por pensar que as pessoas não iriam se importar, ou porque os meus problemas eram meus, e eu deveria tentar resolve-los sozinha sem ficar arruinando a vida de uma pessoa próxima com minhas queixas.
Acontece que eu comecei a adoecer... emocionalmente e fisicamente.
Eu percebi que estava na hora de fazer qualquer coisa pra mudar as coisas que eu estava fazendo antes. Então comecei a escrever de verdade sobre as coisas que estavam acontecendo, só que eu percebi que perdi o hábito de escrever. Comprei cadernos pra ajudar a me organizar, planejo fazer listas e mais listas, mas nunca escrevo nada. Os estudos que eu estava tão decidida a começar passavam longe da minha cabeça. Eu só dormi. Minha saúde está oscilando, eu tenho tentado voltar a fazer as coisas que eu estava fazendo antes de começar a trabalhar; Antes eu fazia yoga, exercícios físico regulares, hoje eu tenho ido ao médico por suspeita de infecção urinária, meu rosto coça muito, despela, e eu nem sei mais se é stress, se é falta de vitaminas, ou por algum outro problema. Passo muito tempo do meu dia deitada. Minha mente começou a se canibalizar, vejo que já passou quase dois meses e eu não estou nem perto de estar bem. Me afastei de amigos, comecei a ter medo de sair de casa, me sinto constantemente julgada.
Comecei a procurar na internet o que tem de errado comigo. Por que eu não consigo sair disso? Eu sei o que eu gosto, eu não tenho mais problemas de auto estima quanto a minha aparência, estou muito mais confiante do que eu era quando eu passei por outros períodos depressivos, mas me sinto quase tão frágil quanto em qualquer outro desses momentos. Vi um vídeo de uma psiquiatra na internet e comecei a me perguntar se eu era bipolar, já que não é uma dessas crises de adolescentes e toda a mudança hormonal de quando se tem 13, 15 anos. Eu tenho quase 23, já não deveria ter passado tudo isso?
Comecei a realmente me desesperar, achando que eu precisaria tomar remédio pro resto da minha vida. Todo tipo de coisa passou pela minha cabeça. Mas depois de um tempinho pra pensar, e depois de assistir a um documentário muito interessante sobre como funciona a colaboração de médicos na mídia para com as empresas farmacêuticas, eu percebi o quanto eu estava me desesperando porque alguém queria que eu pensasse assim. Eu preciso decidir muita coisa na minha vida sim, por em prática muitos projetos, fazer coisas que me fazem feliz, e procurar ajuda, mas não em um pílula.
Preciso mesmo é de cuidar do meu corpo, pois enquanto eu estava focando no meu trabalho, no meu dinheiro, na razão e no bom senso de ter um emprego, eu esqueci de cuidar dele. Mas não só isso. Preciso saber que por mais que eu tenha pensamentos estranhos sobre a vida, eu sei que eu não vou fazer nada pra me machucar, e nem machucas outras pessoas. O que eu preciso fazer com esse sofrimento é canalizar em algo produtivo, e que eu veja que eu faço algo além de existir.
Agora a minha busca é saber o que fazer com essa resolução.
E é assim que esse livro começa.

Comentários

Anônimo disse…
Vejo um pouco de mim em vc ou talvez muito. A diferença é que sou um homem de 44 anos mas que para algumas coisas ruins decidi aceitar/conviver (até que um dia eu possa mudar se for possível) e outras estou ainda acreditando ser possível mudar enfrentando-as.

Acho que ter esse nível de consciência que vc tem já ajuda muito. Vc falou algo muito importante. Vc precisa cuidar do seu corpo e sua saúde em primeiro lugar. Sua saúde mental virá de suas auto análises bastante sensatas por sinal. Agora vc precisa ter seu corpo são nem que seja para que só vc o tenha como diversão.

Postagens mais visitadas

Facebook