Não faça nada sem pensar umas 20 vezes
Na vida, às vezes chego à conclusão de que minha paciência pra falta de senso crítico da galera acabou. Não é querendo me achar melhor que os outros, mas já me achando. É que eu penso e repenso um bocado de vezes antes de colocar um comentário meu na internet. Depois de diversos erros, desde o estouro de consciência em 2013, descobri que muito do que eu postava vinha de fontes não confiáveis, logo eu não estava a par de todas as situações nem de todos os pontos de vista sobre uma determinada situação política/social, e que nem sempre comentar no calor da emoção é uma coisa benéfica, principalmente para os impressionáveis, que veem aquilo (a notícia, tese, opinião) como verdade absoluta;
Barbara Kruger |
A empatia não é um assunto suficientemente discutido no geral. É um conceito abstrato, e algumas pessoas nem ao menos sabem o que significa, ou o efeito que isso ocorre na imaginação e nos sentimentos quando nos dispomos a pensar com a visão dos outros, com a limitação dos outros. Mas felizmente é uma habilidade que pode ser adquirida. Eu sempre passei por muito tempo lendo. Todos acham uma coisa maravilhosa em tese. Na prática, todos ficam regulando o que deveria ser clássico e o que não é, os que são um lixo e o que não são, as obras que tem muita relevância e as que não tem. Um dia eu paro para escrever o quanto isso é maléfico para uma sociedade que já não tem o costume de ler. Mas a questão aqui é a seguinte: nas obras que você lê, quantas versões dos mesmos fatos existem? Tenho um amor especial a livros que mostram diferentes pontos de vista, e como todos os pensamentos são formados pelas experiências pessoais do personagem. Isso fortaleceu muito o meu poder de perceber a vida de outros pontos que não fosse só do mocinho, da pessoa que conta a história, uma visão unilateral dos acontecimentos. O mais interessantes é que gostamos muito desses tipos de como se contar uma história. Desde a nossa tenra infância somos ensinados a procurar o lado do mocinho e ficar do lado do "bem"; independente de quem te diga o que é o "mal". Ignoramos completamente quando as pessoas que não tem a vida parecida com a nossa, chega e diz "Não é assim que eu vejo as coisas." Dos livros de contos, as histórias em quadrinhos, até os livros da escola, sempre é contado de um modo limitado e limitante. A visão que temos é a visão de quem conta o que aconteceu, é isso o que estou tentando dizer.
Como não temos muito a consciência que não existe só a nossa verdade, até começarmos a viver com pessoas muito diferentes, em um ambiente acadêmico que existem contrapropostas, ou mesmo quando saímos de um contexto, seja de cidade, país ou quando nos deparamos com outra cultura e ensinamentos de modo geral, não nos damos ao trabalho de questionar o que se acha certo e o que se acha errado. E o porquê de acharmos isso.
Bem, a questão nesse momento é a visão das pessoas sobre o que são mentiras sobre fatos, e o que são opiniões baseadas nas suas próprias experiências. Se cada um começasse a tentar (e digo tentar, porque tenho muita consciência de que o processo de desconstrução é algo que depende de muitas variáveis, desde crescimento cognitivo e psicológico, até ambiente em que cada pessoa se insere como cidadã e pessoa pensante), tentar com afinco sair do pensamento de "Eu tenho razão!", aí talvez conseguíssemos debater sobre tantos assuntos importantes, que fazem parte da vida de muitos, de poucos, de alguns e de todos, e que porém, nesse momento não conseguimos sair da situação de ter alguns poucos babuínos disparando contra o bom senso e coerência de um pensamento crítico, e uma maioria gritante de outros, aplaudindo.
Hoje eu me permiti comentar algumas coisas sobre publicações alheias. Eu curto essa de ser o outro lado da balança, de fazer um comentário e deixar no ar algum questionamento só pra fazer a outra pessoa pensar na besteira que ela está pensando. Parece mesmo que as pessoas não pensam duas vezes antes de compartilhar alguma foto, notícia ou reclamação. Parece que nem ao menos sabe do que aquilo está falando. Não pensa nem individualmente, muito menos coletivamente, e isso é de assustar. Se as pessoas compartilham manchetes, frases e outras dessas tantas coisas sensacionalistas e só que realmente, só circulam por não haver espaço pra discussão, e nem ao menos se preocupam em ler a matéria inteira, ou o mínimo: dá um google pra saber do que se trata, aí sim, estamos de verdade numa idade das trevas moderna.
As pessoas regridem com esse tipo de pensamento de "vou compartilhar aqui só pra fulano saber que eu estou por dentro de tal assunto". É definitivamente a morte de neurônios. E uma afronta a todos os outros que usam um pouquinho que seja o cérebro, ter que se deparar com todo tipo de motivação para desistir de ser sociável.
Estou sendo arrogante nesse texto, definitivamente. Estou vendo pelo meu lado. Entenda: EU não curto quando colegas e amigos e parentes falando coisas que eles nem tem o que falar pois não entendem do que está sendo falado, estando apenas a transmitir e reproduzir o mesmo pensamento sem o mínimo de filtro e "recorte" (expressão ótima que eu aprendi recentemente). Sinto muito por parecer ter mais inteligência que você. Mas a verdade é que não tenho. Mas é que depois de tanto tempo depois de três anos do começo, do "gigante levantar", as pessoas não aprendem que pra ficar acordado é preciso um mínimo de esforço mental, e às vezes físico também, para que direitos (não só seus, mas de todos!) sejam assegurados. Lembrando um dos último texto: vamos parar de ver só aqueles que são iguais.
Termino com uma frase que resume todos esses parágrafos:
"NÃO PALPITE EM OPRESSÃO QUE TU NÃO SOFRE"
Básico. Simples. Direto.
Não compartilhe informações sem embasamento, sem contexto ou sem checar a informação. Não opine sobre algo que não sabes, ou que não tens certeza, ou que simplesmente não vai ajudar ninguém além de inflar egos. E se for pra só reproduzir e não refletir, fique calado.
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