Eu sou de Recife!


Eu estava lendo essa lista incrível com coisa que só recifenses entendem e sinceramente, deu uma pontada no coração de lembrar que eu sou dessa cidade linda, com muita cultura, muitas particularidades, muita personalidade, e eu nem aprecio isso no dia a dia. Isso é terrível.

Vamos à minhas considerações sobre o texto de Iran Giusti:
1. Acha super normal quando alguém fala que algo é “de hoje pra oito”, como prazo de uma semana de entrega.
Eu juro que sempre me pergunto se as pessoas não sabem que a semana tem sete dias, não oito, mas nunca ia imaginar que era algo só daqui.
2. Entende quando fala que alguém é “frango” pra dizer que a pessoa é gay.
Coisas normais, nem sempre muito legais; aqui em Pernambuco somos um dos estados mais perigosos para gays no Brasil, sendo que temos o maior índice de assassinatos por homofobia numa pesquisa de 2013 e isso é uma coisa muito vergonhosa. Porém, contudo, todavia, saiba também que aqui aquele meu amigo homossexual (ou não) querido pode ser chamado por mim, e por quem ele bem achar de bom tom, de frango, viado, bixa louca, etc, e isso não vai ser um ataque à sua dignidade, embora eu realmente ache uma falta de respeito chamar alguém que você não uma tenha certa intimidade desse tipo de "apelido carinhoso".
3. Bater um “comeu morreu”, se referindo ao cachorro-quente de rua.Comi um dia desses lá na Rua do Hospício antes de pegar o ônibus Conde da Boa Vista, às 12h, o sol rachando e não sei como não morri. Esse tipo de lanche é só pra quando seu estômago "tá colando", no final das contas você não fica nem feliz pelo gosto, é por estar com "a barriga forrada".
4. Não sabe o que é sentir frio tendo em vista que a mínima é de 25 graus.
Meu bem, aqui o normal é eu estar enrolada e com frio com o termômetro marcando 30ºC. Não é nada impossível você achar estudantes do ensino médio saindo da escola de uma da tarde, num sol de lascar e com casaco, porque acabou de sair de uma sala com ar-condicionado e não quer ter choque térmico. Eu era dessas. Às vezes o casaco fica até uns dez minutos friozinho, é o tempo de chegar em casa. Daí, era só chegar na cama e curtir o mormaço o resto da tarde. Nem pense em chamar o povo de regiões verdadeiramente quentes de preguiçoso, você não tem ideia de como é fazer qualquer coisa nesse calor.
5. Achar alguém “tabacudo” (babaca).Não chamo ninguém assim desde que saí da escola, mas é realmente muito comum, até entre adultos. Mas esse xingamento aqui é realmente uma volta à infância.
6. Fugir de “xexêro” (caloteiro).Sim, porque sempre haverá um xexêro na sua vida. Tem nem o que discutir, e essa palavra é do tipo fofa, dá pra chamar a outra pessoa assim e não perder a amizade.
7. Não marcar nada com aquele amigo “farrapeiro”, aquele que sempre dá cano.Assim como o xexêro, você sempre terá ou será um amigo farrapeiro, aquele que você marca milhões de saídas e ele nunca aparece. Esse é usado muito mais frequentemente.
8. Ser “pirangueiro”, o bom e velho pão duro.Coisa que eu sou, e muito! Mas é outra expressão que eu não uso desde a infância. É o tipo de coisa que eu vejo os filhos chamando os pais e tudo, é engraçado.
9. “Gazear”, faltar nas aulas.Passar o tempo no banheiro se escondendo daquela aula envolvendo cálculo, quem nunca?! Gazeava muito, fala sério.
10. “Filar” na prova (colar).Eu não filo, tu filas, ele fila, ela fila, nós filamos, vóis filais, eles filam. É meio louco e eu nunca fiz essas coisas não... só eu "passo fila".
11. SEMPRE ficar preso no trânsito da Agamenon e da Rosa e Silva.Sim, sempre. Não passo muito pela Rosa e Silva mas é certeza quem sempre ficarei presa na Agamenom. Você sabe o que é passar das 7 às 9 da noite presa num único ponto de uma avenida enorme com uma fossa aberta entre os dois sentidos?! Se sabe, "tamo junto".
12. Tem que correr para “pegar o bacurau”, ou seja, o último ônibus.Também porque, sabes como é, temos sempre esse complexo de Cinderela de sair antes da festa acabar ou pagar taxi, ou ter de virar a noite no local, o que nem sempre é possível. Acontecerá esse dilema sempre que sair "cazamiga" sem carro. E é sempre sem carro porque ninguém vai deixar de lado dar aquela paradinha num "pega bebo".
13. Não saber o que é pegar um ônibus vazio.Eu tenho sorte, eu moro perto de um terminal, não sofro tanto, mas juro que dá vontade de estrangular os donos de empresas de mobilidade pública daqui. E o preço absurdo que é cobrado por um serviço de porco que fazem? Tem aumento praticamente todo ano, todo ano tem protesto de categorias de motoristas e cobradores e todo ano um sofrimento; Não tem como reclamar que o trânsito daqui é uma droga se a solução, que seria mais ônibus para a população, também deixa muito a desejar.
14. Dar de cara com uma farmácia Big Ben a cada esquina. Cliente fiel, encontro tudo o que eu preciso na vida numa Big Ben; E é cada esquina mesmo, só no caminho até ali no sítio histórico de Olinda, a 15 minutos da minha casa, eu esbarro com umas três.
15. Zoar quem torce pro Náutico, afinal faz pelo menos uma década que ele não ganha nada.Qualquer tipo de torcedores dos times daqui é sofredor. Eu sou "torcedora" no Náutico por herança e realmente, passamos muito tempo justificando e esperando uma melhora, mas é menos ruim do que os outros que cada jogo é uma guerra. A gente sabe os nossos jogos não dão em nada mesmo...
16. Chamar alguém de “pixotinho” por conta da baixa estatura.Eu não lembro de ser chamada dessa, sempre foi toco de amarrar jegue, tamburete de forró, escaladora de meio fio... Anne é chamada de pitoco (a mãe com um metro e meio de altura, queria o que?).
17. Falar que tudo que é bom é “massa” e tudo que é ruim é “peba”.Porque o bagulho é massa, vei... Mas aí você olha quem fala isso e os cafuçús são peba.
Pra mim "massa" é adverbio de qualquer coisa; ô vício de linguagem que nunca foi curado.

18. Saber que rir dos outros é “mangar”.Eita, velha infância. Bullying aqui é mangar do coleguinha. O engraçado é a frase: "Mamãe, fulaninho mangou de mim!". Nossos dialetos são muito fofos, fala a verdade.
19. Odiar gente que faz “pantim”, essa galera que é cheia de não me toques.
"Quer frescar, fresque, mas não fresque não. E deixe de pantim!" 
20. Ter visto o clássico Cinderela - A História Que Sua Mãe Não Contou.
Clássicos daqui. Se você não teve nenhuma música da Cinderela martelando na cabeça desde a sua infância, você ou é muito velho, ou não é daqui. Se não viu pode ver aqui.
21. Ficar “bicado” (bêbado) quando sai com os amigos.Pra que sair cazamiga se não é pra ficar bicado? Eu sinto que tem uma correlação com as ladeiras de Olinda isso, porque não tem como você não dar uma bicada nos degraus das ladeiras. Ou então naquele batentezinho do Marco Zero.
22. Saber que quando alguém está macambúzo é que ela está triste.Essa eu conheço poucas pessoas que falam. Mas é o tipo de coisa que dá pra entender por contexto.23. Odiar com todas as forças “muriçoca” (pernilongo).Ao longo dos anos o pernilongo daqui de Recife/Olinda sofreu mutaçções genéticas. Eu nunca mais vi uma muriçoca, eu agora só vejo muricego (muriçoca + morcego), que é muito conhecido em áreas que antigamente eram rios, que viraram canais, e que agora são só fossas.
24. Explicar que Bolo de Rolo é a melhor coisa do mundo, e não, não é igual ao Rocambole.
Não sei, nunca provei o gosto do tal do Rocambole. Mas eu sei que nada, eu disse NADA, na face da terra vai ser mais gostoso que um bolo de rolo. Até fui procurar pra saber qual que era a diferença. Dá uma lida aqui.
25. Valorizar o suco de Pitanga com todas as suas forças.
Prefiro suco de acerola.
26. Se esbaldar em um bolo de bacia com caldo de cana.
É de se admirar que não somos a cidade com o maior índíce de obesos/diabéticos, parece que a gente só come doce, por essa lista. Não sou tãão chegada em caldo de cana, embora eu possa ser chamada facilmente de formiga (baixinha que adora um açúcar), mas bolo de bacia é amor.
27. Se esbaldar numa Cartola.
Cartola, melhor sobremesa. Discordo porque eu não gosto de canela, nem de banana cozinhada. Até tentei uma tapioca com recheio de cartola recentemente, mas não dá. Foi triste pra mim, mas o que foi que eu disse? A gente é louco por um açúcar. Quando não é açúcar é leite condensado, não é pra morrer?!
28. Conhecer a história de Biu do Olho Verde e da Perna Cabeluda.Velho, como eu tinha medo dessa história da Perna Cabeluda! A história não tem nem pé nem cabeça, mas era uma história de bicho papão que eu tenho a impressão de ter escutado da minha avó quando criança; A história: era uma perna peluda que dava pisões, pontapés e joelhadas e que saia fugindo como se fosse a perna perdida do saci pererê (WTH).
Dá uma olhada no vídeo pra ver como era ridículo:

A história do Biu do Olho Verde eu só tinha ouvido falar da música de Nação Zumbi, Banditismo Por Uma Questão De Classe, mas conta uma história mega macabra de um maluco que arrancou os mamilos de uma mulher. É estranho. Mas se tiver curiosidade, tá aqui a história.
29. Se tem lá seus trinta anos sentir falta da Roxxy (pista de patinação). 
Não tenho, mas que triste, gostaria de ter conhecido.
30. Ter saudade da Livro Sete.
Também não cheguei a conhecer, mas se quiser saber o que era: clica aqui.
31. Explicar TODA VEZ que não é porque você mora em Recife que sabe dançar frevo.
Eu não sei dançar, embora não tem como você passar o carnaval aqui e não tentar os passinhos. Mas o negócio é difícil, tem que ter boa cordenação, não é assim tipo um samba que ainda dá pra enrolar. Dançar com uma sombrinha, mexendo coordenadamente os quatro membros em direções diferente e muito rápido, tenta aí!

Tchau

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