Ando questionando a mim mesma.

Recentemente aconteceram algumas divergências em modo de agir e modo de pensar.

Veja bem, tem coisas que eu não concordo em fazer, mas acabo fazendo por medo ou por auto preservação. Odeio esse tipo de covardia. Principalmente quando eu me sinto apoiada pelos outros a me preservar. Parece ainda mais covarde pra mim...


O negócio é o seguinte, eu descobri coisas sobre uma pessoa. Uma pessoa que eu me importo de verdade, mas que não merece tanto. Essa pessoa enganou algumas pessoas, que não mereciam ser enganadas (inclusive, eu mesma). Aliás, ninguém merece. Mas a questão é que tem uma pessoa que ainda não sabe que tipo de pessoa ele é, e que está tanto me provocando uma certa realização primária e primitiva de que eu sou mais "esperta" por saber, tanto estou me sentindo culpada por não compartilhar o conhecimento sobre essa o tal relacionamento dessa pessoa. Isso me remete à uma coisa que eu não desenvolvi ainda, a minha sororidade.
Sororidade: pacto entre as mulheres que são reconhecidas irmãs, sendo uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo.

Eu creio que se você está num relacionamento a pessoa deve ser o máximo sincera sobre o que ela é, como foi seu passado e quais as suas intenções para o futuro, para que o outro tenha a chance de julgar se relacionar-se com o dito cujo vale a pena.
Eu gostaria de que alguém me alertasse se eu estivesse num relacionamento com alguém possivelmente traíra, manipulador, sociopata, ... Mas eu também sei que saber que uma pessoa é assim, ou agiu desse jeito em alguns momentos (recentes) da sua vida, não necessariamente faz com que a outra pessoa se sinta menos próxima ou apaixonada. A maioria das pessoas tende a negar até mesmo com provas, e sinceramente até eu duvidaria de mim se fosse o caso.
Num debate sem envolvimento emocional eu diria com certeza um: "Sai desse relacionamento agora! De uma forma ou de outra isso vai te fazer sofrer." Mas como eu já fiz com uma amiga, e talvez eu me arrependa um pouco de não ter dado essa dica pra ela quando eu poderia, eu preferi ver uma situação estranha e me calar. Porque destruir sonhos apaixonados de alguém só pelo que eu acho que vai acontecer? Eu realmente deveria fazer isso só pra ter a consciência limpa?

Eu realmente odeio quando eu escuto isso dos outros e depois que dá merda eu fico com aquele "eu te avisei" na cabeça com a voz da pessoa que tentou me alertar, e é uma droga. Mas não é como se eu não tivesse sido avisada, não é como se não houvesse pessoas que se preocuparam com o que iria acontecer quando o amor acabasse. Não é como se eu não estivesse me preparando para um fim inevitável e cruel. Fico me perguntando se não há ninguém pra aconselhar aquela alma que eu nem conheço, mas estou sentindo uma compaixão enorme, principalmente por estar ligada intimamente a isso.
Compaixão: Se colocar no lugar de, compadecer-se por, pelo. Sentimento de pesar que nos causam os males alheios, bem como uma vontade de ajudar o próximo. Sentimento de simpatia ou de piedade para com o sofrimento alheio, associado a vontade ou ao desejo de auxiliar de alguma forma
E é claro, eu posso muito bem estar fazendo isso por vingança, mas esperar que a outra pessoa se lasque em alguma hora e ainda machuque outra pessoa não seria uma vingança confiada no karma do outro? O sentimento de revanchismo ainda é o mesmo, mas se for pra ajudar alguém, isso minimiza a minha culpa?
No ensinamento Budista, a lei do karma, diz somente isto: 'para todo evento que ocorre, seguirá um outro evento cuja existência foi causada pelo primeiro, e este segundo evento poderá ser agradável ou desagradável se a sua causa foi benfazeja ou não.'








O que seria fazer o bem ou o mal nessa situação?

Comentários

Thayse Stein disse…
Nossa, que lindo e interessante esse post. Eu nem sabia que Karma significava isso, eu entendia mais ou menos o que era, mas não com precisão assim. Acho interessante esse pensamento do equilíbrio e que não existe um mal puro ou um bem puro e que sim, as coisas se misturam.


Beijos
Brilho de Aluguel
Ryoko Bel disse…
Olá Regina, tudo bem contigo ???
Antes de mais nada preciso dizer que adorei o seu texto, adorei a forma como você conduziu a história e incluiu elementos ao texto.
Tenho que dizer que me identifiquei com a situação. No meu caso eu tentaria conversar com a pessoa, contar o que eu sei (caso fosse muito próxima dessa pessoa) apenas diria a ela o que sei e a deixaria livre para pensar por si mesma e decidir o que é melhor para ela. Acho que assim você não estaria fazendo mal algum, apenas alertando a pessoa e demonstrando que você está lá caso ela precise de um conselho !!!

Beijinhos
Hear the Bells
Regina Kadov disse…
Pois é, eu sabia que era algo como "tudo o que vai, volta" mas não como se fosse algo como o efeito borboleta. Ainda escrevo sobre isso algum dia.
xoxo, Regina
Regina Kadov disse…
E eu tentei ao máximo não contar a história na integra pra caso alguém ver saber do que/quem eu estava falando.
É complicado porque eu não conheço a "vítima" da história, eu conheço o "vilão" e é como se eu devesse uma certa fidelidade a ele. Mas.. coisas da vida, quando eu não me aguentar mais eu conto;
Volte sempre
xoxo, Regina
Luana Lacerda disse…
Tive que mostrar esse post lindo as minhas amigas! Belo e complicado, mas não menos belo. Acho que são exatamente essas confusões que tornam a vida assim, tão bela :)
Beijão, moça linda e poética...
http://autoradeprimavera.blogspot.com.br/
Regina Kadov disse…
Obrigada. Eu também tenho essa opinião. A vida não teria tanta luz se não fosse a escuridão de certos momentos.
xoxo

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