A moda voltou a fazer sentido pra mim?

Mês passado eu estava passeando por um shopping que eu não conhecia, o Northway, numa cidade próxima da minha casa. Fui porque estava atrás de uma coisa bem específica, mas acabei passeando porque havia mais de ano que tinha dito que iria ver como o local tinha ficado e acabei nem indo.
Mas a minha surpresa foi quando eu me descobri querendo comprar coisas, gostando das lojas, aceitando os preços (que no final, não me pareceram tão absurdos quanto normalmente me parecem). E eu fiz uma postagem no instagram pessoal, aqueles dos quais eu tenho as pessoas que me conhecem já faz tempo, e dos quais as fotos eu me envergonho mas não quero me desfazer... eu postei:


Você percebe quando sua auto estima voltou quando a moda faz sentido de novo. Quando passear pelo shopping é uma descoberta, não um fardo. Quando tu achas que vai ficar bem até na roupa mais barata.
 Olha eu me auto-parafraseando.
A questão é que a mais de ano eu não via mais sentido em comprar roupas. Sim, chorei por dentro quando tive que jogar fora um short jeans que já usava mais de 8 anos. Me senti um lixo quando tive que abrir mão de várias roupas que fizeram parte da minha vida, juro.
A moda fazia parte da minha vida porque eu acreditava que elas definiam o meu estilo, definiam o jeito que eu pensava e agia. E de uns tempos pra cá eu passei a ver que na realidade, só mostra um momento social. Na verdade, só um momento em si.
Pra alguém que já pensou em fazer/estudar moda, isso foi certamente o motivo de eu ter me virado contra isso. Quando eu percebi o quanto que roupa que você veste te limita, ao invés de te identificar no meio de tantos. Que ela mais te desclassifica como um ser único pra te tornar parte de uma trama... é como um grande tecido, com muitas cores, mas certamente se você tem uma cor, no meio do todo você individualmente é só mais uma linha.
E é isso o que me fez negar o quanto eu amo moda.
O momento, eu poderia dizer que foi quando eu vi, num aniversário meu, só eu e meu melhor amigo, e vi um conhecido nosso, que aliás, até está em algumas fotos antigas nesse blog. Ele tinha um estilo alternativo que eu imaginava tão essencial para entender quem ele era... e naquela noite eu vi uma pessoa completamente diferente. Foi surreal a mudança. E desde esse dia eu parei de inventar desculpas pra continuar com o pensamento de que o estilo representa quem somos. Todos são mutáveis, a moda idem, e não devíamos nos ater a referencial externo pra tentar decifrar alguém.

Apesar de toda essa descoberta e blablablá, eu ainda amo a arte. Eu amo inventar roupas mirabolantes, eu ainda amo moda. E eu vi isso anos depois, passando a tarde no shopping e desejando poder aquisitivo pra comprar o que eu quisesse. Eu tinha desistido já de comprar. Na verdade, me desencantei com o TER. Quando eu comecei a ganhar meu dinheiro tudo o que eu queria era gastar. Não tinha nada na minha cabeça que não fosse me recompensar por estar fazendo algo que eu não gostava ou me orgulhava de fazer. Mas aí nem isso estava me dando nenhum retorno emocional. Então desisti de emprego e consequentemente de dinheiro. A grana é curta, mas eu sou conhecida por viver bem com pouco. Sou extremamente econômica quando não estou tentando preencher algum vazio existencial.

No momento em que eu me vi desejando algo eu me perguntei onde estava essa vontade em outras épocas. Ano passado eu mal conseguia andar no shopping sem sentir uma pontada de desânimo, um peso nos meus ombros. E foi quando eu passei por uma lojinha simples e comprei uma lingerie de poucos reais que eu percebi que a minha autoestima é que tinha ido pro saco. Não era meu dinheiro, não era questão de ter desistido de coisas relacionadas ao mundo fútil da moda, não era meu estilo que tinha morrido.
Era só o fato de que eu não achava nenhum motivo pra me sentir bonita antes.
Eu não me achava digna de vestir algo quando eu não era nada.
Vestir e ser algo ainda são coisas muito importantes e correlacionadas pra mim.
Hoje eu sinto que eu me transformo, ainda não sou propriamente dita.
Transição essa que eu não sei quando irá acabar. Mas virá algum dia, o dia em que eu serei EU.
E nesse momento eu irei verdadeiramente vestir.
Pois terei algo pra preencher os espaços.
O tecido terá corpo.
E não me sentirei um fantasma vestindo roupas de cama.



Por onde:
Paulista North Way Shopping 
EndereçoRodovia PE-15, 242 - Centro, Paulista - PE, 53401-445
Passei nas lojas costumeiras: C&A, Renner, Marisa, Riachuelo, Emmanuelle... todas me pareceram mais inclusivas do que em outros shoppings. Com roupas mais bonitas e preços mais em conta;

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