Rupi Kaur e a inveja

Sabe aquele momento que você conhece alguém super talentoso e se pergunta o que ela tem que eu não tive, pra ser assim bem sucedido com menos idade do que eu tenho agora?
Aparentemente um monte de sentimento ruim tem rondado meu coração ultimamente, e um dia desses foi a inveja.
Eu já conhecia o trabalho fotográfico da Rupi, a artista em questão da qual eu senti uma inveja boa e culpada. As fotos do period. passou algumas vezes naquelas páginas que todo mundo (pelo menos da minha rede social) parece ter no facebook.
Ela é poetisa e terminou seu primeiro livro de poesias aos 23 anos.
Sempre tentei ler poesia, mas é algo que não me interessa muito porque não sei rimar. Aí me aparece essa Rupi e ela é espetacular. O livro se chama Outras maneiras de usar a boca (ou Milk and Honey). Como ela faz isso com as palavras eu não sei, mas sei que elas saem cantadas, não jogadas.
E eu queria esse dom. Esse de escrever um livro. Esse de conseguir terminar pensamentos que eu nunca tive. Esse que dá início, meio e fim. Quando eu era criança jurava que a essa altura já teria ao menos um livro pronto. Não sei se publicado, mas ao mínimo com ordem.
Por minha cabeça em ordem era o meu objetivo principal, porque são sempre uma história atrás da outra, uma palavra atropela um fila delas, não consigo pensar no quanto de ficção não escrita eu perdi na minha memória. E eu tenho até que uma muito boa. Mas não o suficiente. Hoje são quase 15 anos de imaginação desperdiçada porque não consigo por ordem no meu cérebro. Não consigo sentar e produzir. Fico a merce das minhas emoções; Quando sinto raiva, escrevo, mas isso não é nem de longe o suficiente.
Eu me considero alguém com potencial, mas aos 23 anos não escrevi mais nada além de pensamentos partidos enquanto a vida passa. E anda passando muito rápido.
Tanto que me vejo desesperada às vésperas de cada aniversário.
E estou nesse momento. Desesperada para viver a vida que a Rupi tem, em ser a artista que ela é.
Eu ando falhando miseravelmente em tudo o que eu quis fazer.
Ainda não estou na universidade,
não pratico desenho como eu gostaria,
não sou tão naturalmente dedicada aos estudos
nem tenho talento nato para nada do que amo em artes.
Eu aprecio. Vejo de longe, mas eu queria tanto ser mais que isso.
Gostaria de escrever, fotografar, ilustrar, ler, pensar, trabalhar
e tudo isso com uma boa vida social e antenada.
E está tudo desmoronando.

Então fico aqui querendo ser Rupi Kaur, que fez de uma arte não muito popular, algo especial e invejável.

https://www.rupikaur.com/

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