O Guia da Irmandade + Erros e acertos da Ward



A mãe e o marido Acerto 
A primeira coisa que você se depara no Guia é a cena do nascimento da Nalla, filha do Z e da Bella.
Como eu disse ao final do resumo de Amante Desperto, a ideia de conto de fadas que o livro deu depois do final sem a cena adicional cria uma ilusão de que a Bella realmente conseguiu mudá-lo da água pro vinho. O que não é verdade nem no mundo real, e nem em livros de fantasia, já que ela conserta isso no conto que conta como é complicado para o Zsadist conviver com o fruto de uma gravidez que ele não queria. É doloroso porém real, o sentimento de que o Z não gosta da menina de primeira. Ele está feliz porque a Bella está bem e não tem de lidar com a perda de um bebê, mas não necessariamente ele se vê um pai. E a mudança é gradual, no momento em que ele precisa conviver com o bebê, e a procurar ajuda psicológica. Existem feridas que não são curadas pelo amor, nem romântico e nem familiar. E é mostrado ele a muito custo se aproximando da menina e refazendo o casamento da Bella, que quase acabou. O que faz com que eu tenha muito respeito pela personagem, porque ela mesmo ainda gostando dele, ia embora porque ele rejeitava até a olhar pra filha. Mostra realidade de coitos interrompidos e um certo ciúmes entre pai e bebê. A dificuldade de se manter um relacionamento físico tendo que amamentar... enfim, acho a ideia da Ward sobre maternidade bem realista, nesse ponto.
 
Linha do tempo Erro
Depois bem as fichas dos Irmãos, onde diz personalidades, idades e como foi começar a escrever cada um.
Titia Ward é complicada pra organizar datas. E uma das piores decisões dela foi a contagem de tempo que se choca muito ao longo de 12 anos a partir do lançamento o primeiro livro. Aqui tem a tentativa de organizar em ano dos fãs, depois de lançados os 6 primeiros livros + o Guia, que detalha o ano de nascimento dos Irmãos:
http://fuckyeahbdb-blog.tumblr.com/post/1556669441/a-timeline-from-1600-to-present
Questão é que por ser uma série erótica, voltada para os casais, e os livros englobam dias, uma semana no máximo, os seis primeiros livros tiveram a duração de apenas um ano e pouco. Apenas dois saltos no tempo acontecem, é entre os livros do Phury e o do Rehvenge. Por isso temos em 2010 (supondo que esse seja onde a série está no momento), relatos de Iphones e LeNovos...

Os outros livros  Erro
Ela demora muito pra escrever um livro que não é nem essas coisas de bem escrito.
Acho que os erros da Ward, tanto de continuidade quanto nos detalhes poderiam ser resolvidos se ela lançasse com mais frequência os livros da série principal dela. Por exemplo, ela parece se esquecer que tinha descrito os seios da Xhex como fartos em livro, pra em outro dizer que eram pequenos; cabelo do V antes era levemente cumprido pra esconder as tatuagens, mas logo isso é esquecido, pois ele não demonstra ter vergonha e usa o cabelo pra trás... E como assim, Rehvenge tem 900 anos? Havers é mesmo o único médico da raça? (...) Diversas perguntas sem respostas ou decisões questionáveis.
 Mas não, ela fica se aventurando em outras séries capengas, que saem poucos livros e depois ela desiste por falta de público. Pelo que eu entendo, a Irmandade é a única que faz sucesso, mas ela insiste em relacionar a Irmandade com a série de Fallen Angels, que não é ruim, mas ela não termina um pensamento sequer; e depois começa a série Legacy, onde conta histórias parecidíssimas com a da Irmandade, só que você compra porque tem histórias paralelas dos Irmãos. Sacaneia pra conseguir dinheiro.

As desculpas e Vutch  Erro
A Ward tem uma de dar desculpas sobre o desenvolvimento e criação do mundo dela. Ela fala que os irmãos "aparecem" pra ela, contam suas histórias como querem. E eu acredito nisso, porque o meu método de escrever é parecido. Mas essa desculpa não cola quando ela já está bem a frente do livro atual. Ela sabe o que vai acontecer, mas ela vai moldando os pontos cruciais pra caberem em cada sessão editorial. Quando há muita reclamação dos fãs, ela muda o curso do barco, e isso torna a trama esquisita. Fato é que em um das sessões de autógrafos recente ela diz que o V é complicado porque antes ela cagou a história pelo bem da continuidade na Editora. Tem uma cena icônica onde ela entrevista os Irmãos todos, menos o Vishous porque ele não gosta dela e diz que ela mentiu no livro dele, ou no do Butch, quem sabe. Ela não soltou o que originalmente era o material deles como casal, mas está em tramite se eles ainda terão algo...

O "feminismo" da Ward 
A Irmandade é uma daquelas séries de livros que tem claramente um pé no feminismo, mas se recusa a ser declaradamente. Beth, Mary, Bella, Marissa, Jane e Cormia são diferentes, mas todas as mulheres da casa tem um ponto de dizerem que não são apenas as companheiras dos Irmãos. Umas mais independentes, outras menos, mas todas são libertadas de um compromisso de ficarem apenas servindo os seus maridos. Porém, todas elas escolhem fazê-los a duras penas. As únicas que batem mais o pé contra essas tendências de possessividade de macho é a Xhex e a Payne, que são obviamente pontos fora da curva, sofrem por serem diferentes e são tidas como muito "masculinas". Isso me incomoda bastante, o como a Ward aborda a liberdade feminina. Não é como se fosse um dever, elas serem livres, mas como uma concessão dos machos delas; Infelizmente, os personagens masculinos sempre tem o maior destaque, são sempre os dramas deles que bem primeiro, e a Ward não nega isso. Amar a Irmandade é como amar aquele pai, irmão, tio, que é extremamente machista, mas como eles tem um lado bom e que te protegem de alguma maneira (como eles protegem as suas fêmeas), você acaba perdoando e amando sem se dar conta do quanto eles conseguem ser desrespeitosos.

Wrath é um péssimo rei Erro
Não há razão para o Wrath continuar a ser rei numa sociedade que não o teve por mais de 300 anos. Só pra lembrar, o Wrath preferiu ser um Irmão a governar, desde que os pais morreram. Só precisou fazer o caminho até o trono por conta do casamento com a Beth e a pedido da Virgem Escriba, que depois de um tempo não manda e mais nada. Ele não tem ideia do que está fazendo, só faz umas coisas a favor do povo quando é mandado por alguém, e todas a lealdade da galera a ele se deve ao poderio militar dele, e ao dinheiro dos impostos. Mas juro, se eu fosse um vampiro já teria organizado umas manifestações contra o reinado.

A diversidade  Erro
Outro ponto esquisito é a relação entre diversidade... Veja bem, a série é sobre uma sociedade distinta, com sua própria organização, as características que a sociedade deles impõem são diferentes das nossas, porém ainda é descrita por uma mulher branca que do alto do seu privilégio não consegue descrever uma relação inter racial sem escurecer a personagem, que se relaciona com o Trez em alguma hora, um homem de feições mouras (do Oriente médio, com pele mais escura). Eu estou me adiantando, isso só acontece em o Rei/Os Sombras. Mas ainda assim, mostra que mesmo com um mudo, um cego, homossexuais (que são discretinhos), bissexuais (não assumidos) e tecnicamente todos os vampiros não sejam brancos... ainda existe uma forte pegada whitewashing/racista/heteronormativa/etc alí.


 E o que dizer de uma sub-raça inteira apenas pra servir a raça vampira "superior".

Os doggens  Erro
Sim, porque a ideia de que existe uma raça entre a sua que esteja ali apenas pra te servir, e que ame isso porque é o dever deles, é bem supremacia branca. Juro, não tem como não relacionar essa noção que os brancos tinham dos negros até pouco séculos atrás, é a mesma que adoramos no Fritz, o mordomo idoso que tá sempre lá pra limpar tudo o que os vampiros sujam, cozinhar pra eles, dar uma de choffair... gente, é muita exploração. E mesmo que os doggens sejam pagos, a ideia de que eles vivam em sociedade fechada, morem nos fundos da casa e .... sabe, escravidão?! É isso;

É bem óbvio que pra maioria de mulheres que leem a irmandade sonham com alguém pra lhes servir, e isso é sim um acerto, porque ela conserta no imaginário das donas de casa a servidão aceita como solução de uma chateação mundana. Mas a um custo de que pensem que empregados domésticos devem ser assim...


Background dos personagens Acerto
Todos os personagens são apresentados e tem certa profundidade. Até o Havers, o grande antagonista, até o pai da Ehlena (como eu falei sobre na resenha do livro do Rehvenge), os Lessers tem histórias, o David em especial tem uma história muito boa de vilão, a Virgem Escriba tem suas razões, etc, e os personagens sem background pode ter certeza, vão acabar se mostrando em alguma hora. O uso de narrativas diversas mostra lados de uma mesma realidade dependendo do estado de espírito e do caráter de cada um. O que eu acho fantástico pra uma série que envolve tantos personagens interessantes. Alguns personagens ainda estão me fazendo questionar até quando se pode esperar uma história de origem (Bloodletter, Hahrm e outros Irmãos já mortos), mas antes elas foram entregues de modo satisfatório.

Cenas de ação de tirar o fôlego Acerto
Mesmo parecendo sair de um filme estilo Resident Evil ou Velozes e furiosos, as cenas que desafiam as leis da física são muito divertidas, e um primor de bem escritas comparadas a outras obras de fantasia. Mas cuidado, elas são feitas mais pra dar um tom de perigo, não pra serem uma ótima adaptação escrita. Elas são descritas o suficiente pra instigar sua imaginação deixar você prendendo a respiração um pouquinho.


Espaço pro fã imaginar Acerto
Aliás, uma das coisas boas é que a Ward não fecha uma veradade absoluta, e muitos dos "buracos", as coisas que ela deixa em aberto você dá asas à sua imaginação. Pelo menos pra mim não é um problema, e nem pros criadores de fanfics, que é um bônus. Várias fics desenvolvidas por conta das cenas que deixam espaços suficiente pra criar uma história dentro da Saga. Aliás, os livros do Legacy são basicamente isso. Ela preenchendo com o que acontece com os casais depois do "felizes para sempre";

Diálogos críveis Acerto
Umas das coisas que a Ward melhor sabe escrever são diálogos críveis em situações tensas. Quando os personagens brigam, você acredita no que eles falam nos momentos de raiva. Isso te emerge na trama de modo mais completo, porque não é só uma frase de efeito e o personagem vai embora. É aqueles bate boca que eles aumentando a voz até que alguém vá separar... Sim, ainda tem muita coisa clichê, mas quando se trata de construir tensão e DR, a Ward é boa.

Cenas de sexo Acerto
Vou dizer, assim como eu falei nas resenhas de Amante Desperto/ Revelado, as cenas são escritas pra você ficar acesa/ser realista. Não que tenha sido sempre assim, os dois primeiros tem muito de "primeira vez a mulher já alcança um orgasmo múltiplo". Mas quando ela não faz a cena de graça, e tem um contexto pra a cena acontecer, é muito boa.

 

Repetições Erro
Nas resenhas eu sempre repeti e frisei que não é necessário ler um livro anterior pra entender a história. E não é, você pode começar de onde for que você vai acabar conhecendo cada personagem como se tivesse começado desde o começo. Mas com isso vem um ponto que irrita, é a repetição sobre as características, especialmente sobre os locais, que são super detalhados e estragam um pouco de tanto você ler. Eu já nem leio quando ela começa a descrever pra cada personagem que entra na casa, a entrada que é magnífica, desenhada e colorida da mansão. A primeira vez é ótimo, você consegue imaginar o tamanho, a escadaria, mas depois que a maioria das cenas ocorrem nesses espaços, fica super cansativo. E fora que com o passar do tempo as pessoas vão se mudando pra lá, o Complexo é grande, mas não acho legal por tanta gente no mesmo local. E o clichê da série é esse. Todo mundo vai para a mansão, que em tese, deveria ser secreta. Isso acontece com as descrições do Commodore, da cidade em si, e das caraterísticas físicas extraordinárias dos Irmãos.

Enfim. acabei nem falando muito do Guia em si. Lá tem um alfabeto da Língua Antiga, que apensar de ser descrita como bela, e eu imagino que seja resultado de um bom sotaque, eu não achei a escrita bonita não... e pra uma galera que vem lá do leste europeu, parece muito oriental...
Algumas brincadeiras são descritas também, incluindo entre os fãs no antigo site da Ward, onde ela postava as cenas soltas. Ela não tem muita ideia de como fazer cenas com o tanto de personagem que ela criou tadinha... mas tudo bem, eu perdoo. Na verdade, apesar das duras críticas, a Jessica Ward ainda me faz pular da cadeira com seus plot twists; Pode mandar mais, estou pronta!


Eu ia falar um pouco das revelações do The Choosen que eu acabei de ler, em conjunto com o que já vi da série Legacy, mas deixo pra quando terminar todas as resenhas. Lá vai ter mais reclamações e expectativas sobre o desenrolar da história coro de pica do Butch e do Vishous, e uma possível traição à Jane que está deixando os fãs meio malucos, e eu também estou preocupada. Depois de tudo ela não pode apenas descartar essa personagem, ela se tornou indispensável, e se começou assim, que termine... Esperando.

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